Aqueles que são inconsistentes são os verdadeiros vilões

por Arsenio Reis

Donald Trump tem, constantemente, voltado atrás com a palavra desde que subiu ao poder. Às vezes apenas no espaço de um dia muda de opinião, levando a que muitos especialistas e comentadores políticos internacionais sejam apanhados de surpresa, tornando irrelevantes artigos acabados de escrever e ainda por publicar. No passado dia 14 de outubro, pela primeira vez, o presidente norte-americano admitiu, publicamente, que o problema das alterações climáticas não é uma farsa, afirmando até a possibilidade de mais alterações no futuro. Apenas há um ano atrás o mesmo insistiu que o fenómeno era falso e retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris assinado por Obama. Desta forma, voltar agora atrás com a palavra não tem qualquer valor, tendo a parte norte-americana do acordo já sido anulada. 

No dia 13 de outubro, Trump foi também questionado pelo canal de televisão CBS sobre se a intenção é empurrar a China para uma recessão económica através de uma guerra comercial. A resposta do presidente foi negativa, e o próprio acrescentou o seguinte: “Não é isso que quero. Quero que negoceiem connosco, que seja estabelecido um acordo justo. Quero que abram o seu mercado como o nosso”. Durante a mesma entrevista, o presidente Trump afirmou ainda não existir uma guerra comercial entre os dois países, apelidando a situação de apenas um “pequeno conflito”. Partilhou também ter uma boa relação com o presidente chinês Xi Jinping, salientando, no entanto, não estar certo da possibilidade de continuação da mesma, dizendo o seguinte: “Disse ao presidente Xi que a China não pode continuar a tirar 500 mil milhões de dólares todos os anos aos EUA”. 

Ainda está presente na memória de todos a afirmação de Trump de que “guerras comercias são boas e fáceis de ganhar”, por isso qual a razão para negar agora a existência de uma? Possivelmente, Trump está apenas a preparar-se para um futuro encontro entre líderes norte-americanos e chineses na próxima reunião do G20 em novembro. Recentemente, o Wall Street Journal noticiou a possibilidade de um encontro entre Trump e Xi Jinping na Argentina durante a cimeira do G20 para discutir problemas como as atuais tensões entre a China e os EUA, citando fontes oficiais dos dois países. Membros do governo, como o secretário do Tesouro, Robert Mnuchin e Larry Kudlow, conselheiro financeiro na Casa Branca, preocupados com o impacto desta guerra comercial nos mercados, têm ativamente procurado marcar encontros e negociações nos últimos meses, mas sem qualquer sucesso. Kudlow revelou à CNBC que existe uma alta probabilidade de um encontro entre os líderes dos dois países durante o G20, mas não partilhou mais detalhes. 

No entanto, alguns membros da Casa Branca como Peter Navarro ou Robert Lighthizer não querem ver esta guerra chegar ao fim tão cedo. Tudo dependerá do que acontecer em novembro durante o G20, mas ainda com um mês até lá, muito poderá mudar. Tendo também em consideração a personalidade imprevisível de Trump, qualquer análise e previsão será, provavelmente, inútil. 

David Chan 19.10.2018

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