Conflitos e diálogos da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos

por Arsenio Reis

Passado algum tempo desde o início da guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a relação entre os dois países encontra-se em constante agravamento, levando a acreditar que ainda é necessário tempo e cedências de ambas as partes para a situação atenuar. A semana passada, os Estados Unidos fizeram mais uma vez um convite à China para uma nova ronda de diálogos comerciais, com o Ministério do Comércio chinês a confirmar a receção do mesmo. Porém, na mesma altura, o presidente americano Donald Trump comentou no Twitter que este encontro não se devia ao facto de os EUA estarem sob pressão da China, pois quem está a sofrer pressão é o lado chinês. Estas são alegações nas quais nem os media ou o povo americano acreditam, pois são simplesmente mentira. São os EUA que gostam de exibir a sua força antes de negociações. Se realmente não estivessem sob pressão, então não seria necessário renegociar com a China as tarifas no valor de 200 mil milhões de dólares. A reação chinesa, pelo contrário, tem sido muito calma. O jornal tabloide “Global Times” chegou até a publicar um artigo, dizendo que a estratégia chinesa deve ser continuar “a empatar”, não havendo necessidade alguma de apressar um acordo.
Os EUA já completaram uma audiência sobre a imposição de tarifas sobre produtos chineses no valor de 200 mil milhões de dólares, no entanto, imediatamente depois da mesma, Donald Trump não anunciou o seu início. Em vez disso, decidiu convidar a China para mais uma ronda de negociações, alegando estar a oferecer a Pequim mais uma chance. Esta hesitação deve-se ao facto de o impacto negativo da guerra comercial na economia americana estar a criar pressão sobre o seu governo, e a Casa Branca precisa de dar alguma resposta. Em segundo lugar, com a aproximação das eleições intercalares de novembro, um acordo depois da nova ronda de negociações em Pequim seria uma grande bênção para os Republicanos. Se não tiverem sucesso na missão, a Casa Branca pode comunicar à imprensa que deu o seu máximo, reduzindo a insatisfação do povo americano. Essa foi a razão para Trump fazer este convite. Porém, se os EUA querem realmente negociar ou não, só mais tarde se saberá. Em terceiro lugar, o ambiente na Casa Branca está instável. Querem exercer pressão sob Pequim e tornar o país mais submisso, mas ao mesmo tempo vêem uma oposição forte. À parte de tudo isto, a oposição dentro do território americano continua a crescer. Ninguém faz ideia de como esta guerra se irá desenvolver e a inquietação aumenta.
Até ao momento não existe qualquer sinal de que Donald Trump esteja a mudar de ideias em relação à guerra comercial. Washington mantém uma atitude rígida, mas, de um ponto de vista estratégico, não recusa diálogo. Assim, ao mesmo tempo que acalma o povo americano, espera também destruir a determinação chinesa. Obviamente que seria ótimo se os dois lados conseguissem negociar de alguma forma, mas a sociedade chinesa não espera que qualquer acordo seja desenvolvido entre a China e os EUA num futuro próximo, pois embora a Casa Branca esteja a começar a duvidar do poder que a pressão pode assumir, ainda não desistiu completamente de tal tática. A voz da opinião pública americana em relação à guerra comercial fala cada vez mais alto, mas não ao ponto de fazer com que a Casa Branca mude, drasticamente, de atitude. Atualmente, a tática chinesa é continuar a ganhar tempo. O país necessita de mostrar que a sua capacidade de resistência é superior à dos EUA, e sobreviver a esta batalha é como vencer metade da guerra. Não existe nenhuma urgência para chegar a acordo com esta nova ronda de negociações. O povo chinês está consciente que este momento se trata apenas de um obstáculo na ascensão do país. Existem algumas vozes de oposição nacionais, mas é algo normal, e não significa que a sociedade chinesa queira chegar a acordo com os EUA, independentemente do custo.

DAVID Chan 21.09.2018

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