As três rotas lusófonas de Macau para o Delta

por Arsenio Reis

O Governo da Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) destacou o papel de Macau na ligação com os países de língua portuguesa como principal mais-valia da cidade no contexto do desenvolvimento da região do Delta do Rio das Pérolas.
A ideia foi deixada pelo Secretário para a Economia e Finanças, Lionel Leong, que liderou uma delegação ligada ao setor económico e comercial que participou no 12.º Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas e a respetiva Feira para a Cooperação Económica e Comercial queteve lugar em Cantão nos dias 5 e 6 de setembro.
Durante o evento, o secretário partilhou o papel que, na sua opinião, Macau poderá assumir na cooperação do Pan-Delta, podendo a cidade servir como plataforma de cooperação comercial e de serviços entre a China e países de língua portuguesa.
Para Lionel Leong, Macau é o “irmão mais novo” da família do Pan-Delta, com um mercado e economia de escala muito inferior, porém podendo contribuir com uma cooperação, desenvolvimento e estabelecimento de ligações eficazes. Além de formação na área de turismo ao resto das áreas da Grande Baía e do Pan-Delta, poderá desenvolver-se como plataforma de cooperações comerciais entre a China e países lusófonos, com três rotas possíveis.

Primeira: Brasil

Segundo Lionel Leong, o Brasil poderá ser a ligação entre a China e a América do Sul. Atualmente, o Brasil e a China possuem laços económicos e comerciais fortes, todavia isto apenas é possível por várias grandes empresas brasileiras terem “desenvolvido ligações” com empresas centrais e públicas chinesas, tendo também as pequenas e médias empresas interesse em apanhar o “comboio” do desenvolvimento chinês. O secretário acrescentou ainda que várias autoridades brasileiras já manifestaram interesse em cooperações entre pequenas e médias empresas do Brasil e Macau, servindo como oportunidade de desenvolvimento na Área da Grande Baía e do Pan-Delta.

Segunda: Portugal

Lionel Leong, durante o Fórum Pan-Delta, afirmou: “Muitos podem achar que Portugal é apenas uma pequena nação dentro da União Europeia, mas a sua pequena economia é sofisticada. Da mesma forma, Macau, dentro da família do Pan-Delta, é bastante valorizado pelas restantes regiões irmãs”. De acordo com o Secretário, Portugal desempenha um papel importante dentro de instituições internacionais, sendo o atual Secretário-Geral das Nações Unidas português, e sendo também o antigo presidente da Comissão Europeia de nacionalidade portuguesa. Sendo assim, Portugal possui boas relações dentro destas organizações. O governo português deseja também que pequenas e médias empresas nacionais ganhem acesso ao mercado da China continental através de Macau, e que, consequentemente, atraiam também mais empresas chinesas para Portugal ou para União Europeia através da cidade. Mencionou ainda que depois do Brexit, Macau poderá oferecer a empresas da China continental novo acesso ao mercado europeu. “Anteriormente empresas do continente através de Hong Kong tinham acesso ao Reino Unido, e por fim à União Europeia, mas com a saída do Reino Unido, poderá nascer uma nova rota, através de Macau e Portugal.”

Terceira: Angola, Moçambique

Lionel Leong invocou também a forte ligação que Macau tem com Angola e Moçambique, dando como exemplo o Parque Científico e Industrial da Medicina Tradicional Chinesa no âmbito da Cooperação Guangdong-Macau, localizado em Hengqin, como um caso de sucesso na introdução de produtos de medicina chinesa do continente e de Macau no mercado de Moçambique.
O responsável lembrou que: “Macau é pequeno, mas pode assumir uma função concreta. O seu alvo serão pequenas e médias empresas, que representam uma parte importante da economia” disse. Para terminar, fechou com uma questão: “Como podemos criar um caminho para o desenvolvimento através de pequenas e médias empresas portuguesas, europeias, de países lusófonos, das regiões da Grande Baía ou do Pan-Delta?”
A região do Pan-Delta inclui 9 províncias: Fujian, Jiangxi, Hunan, Guangdong, Guangxi, Hainan, Sichuan, Guizhou e Yunnan, e as regiões administrativas especiais de Hong Kong e Macau, apelidadas de “9+2”. Toda esta região representa um quinto da dimensão total do país, um terço da população, e um terço da economia. No próximo ano este fórum terá lugar na região autónoma chinesa de Guangxi.

Johnson Chao* 07.09.2018

*Em Cantão

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