Infratores na história do comércio mundial

por Arsenio Reis

O presidente norte-americano, Donald Trump, impôs uma série de tarifas à China, aos seus países vizinhos e aliados, dando assim início a uma guerra comercial. Desde aí tem, continuamente, vindo a agravar a situação, demonstrando uma imprudência quase louca. Estas decisões são, nada mais, nada menos, do que uma tentativa de reformular regras comerciais a seu favor, combatendo o recente crescimento chinês com base na economia tecnológica, e eliminando o risco de a China ocupar o lugar de liderança na comunidade internacional onde se encontra atualmente os Estados Unidos (EUA). As tarifas impostas aos aliados já foram correspondidas com ações equivalentes pelo Canadá e pela União Europeia que, juntamente com outros países, apresentaram uma queixa à OMC (Organização Mundial de Comércio). A China tem também afirmado constantemente, que não deseja envolver-se numa guerra comercial, mas Trump está determinado e por isso o país foi forçado a assumir esta posição.

O crescimento chinês é imparável, a capacidade de produção e o mercado chineses são tão grandes que se tornam muito difíceis de conter. Porém, daqui para a frente a China irá enfrentar mais obstáculos e interferências, por isso necessita de se habituar a este novo ambiente de batalha. O crescimento chinês, estável ou não, ora rápido ora lento, em geral manteve sempre a tendência. Se os EUA, realmente, insistem em intensificar os conflitos com a China, não há outra solução, além do conflito. Talvez sejam necessárias algumas rodadas para que Trump possa clarear a sua mente, e todos nós possamos abrir os olhos para a realidade. 

Se a prioridade da Casa Branca for, realmente, controlar o crescimento chinês, então este é um problema sem solução. Uma guerra comercial é um caminho que não trará resultados. A ideia de, através de uma guerra comercial, travar um adversário é absurda e vai contra as leis básicas de desenvolvimento da Humanidade. É uma ambição inatingível. Como construir uma barragem para bloquear um enorme rio. Se Trump continuar com esta postura vai acabar por ser objeto de chacota para o resto da História. Em primeiro lugar, com esta jogada, os EUA deixam uma marca permanente menos favorável na história do comércio mundial. Esta determinação da Casa Branca de violar as regras da OMC e iniciar a maior guerra comercial alguma vez vista tem danos potenciais para o resto da economia mundial, muito maiores do que aquilo que Trump imagina. Explicando de uma forma um pouco mais séria, os EUA poderão tornar-se para sempre infratores na história do comércio mundial. Em segundo lugar, em relação à afirmação de que esta intimidação comercial americana será mal sucedida, por norma em guerras comerciais não existem vencedores. Todavia, Donald Trump acredita que conseguirá sair vitorioso, por isso está determinado a lutar. Neste momento, o presidente norte-americano já não consegue ouvir a voz da razão, por isso talvez seja necessário alguma luta para que consiga recuperar os seus sentidos. 

Estamos atualmente no século XXI, numa fase avançada de globalização. As economias de todos os países, especialmente a norte-americana e chinesa, estão interligadas. É impossível para os EUA atacarem a China e saírem ilesos. Neste momento, a Casa Branca está a pisar duas linhas vermelhas, relacionadas com as regras de multilateralismo e os direitos de desenvolvimento da China. Ao pisar a linha do multilateralismo irá receber a oposição do resto do mundo, ao desafiar o direito de desenvolvimento chinês, a China irá com certeza defender-se e contra-atacar. A Casa Branca subestimou, claramente, a dimensão do poder de oposição do resto do mundo e o poder de contra-ataque chinês. Para a China, os EUA tomaram o primeiro passo e o país é agora obrigado a defender-se e lutar. A China está por isso disposta a responder a todos os ataques norte-americanos, e pelo que podemos ver atualmente, parece completamente capaz de o fazer. 

DAVID Chan 27.07.2018

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