O intensificar de uma guerra comercial cujo motivo deixa de ser o comércio

por Arsenio Reis

Os Estados Unidos (EUA) não têm autoridade para dizer à China o que o país pode ou não desenvolver, tal como a China não tem de seguir as suas ordens. Porque quer a administração de Trump iniciar uma guerra comercial com a China? Até ao momento ainda não existe nenhuma explicação concreta. Há quem acredite que o objetivo final é angariar votos, outros acreditam que Trump quer, verdadeiramente, resolver o problema crescente que é o défice comercial do país com a China. Finalmente, vários argumentam que o objetivo é controlar o desenvolvimento tecnológico chinês, tendo por isso aplicado as primeiras taxas sobre produtos chineses em indústrias como a aviação, aeronáutica, comunicação, inteligência artificial, entre outras. Alguns órgãos de comunicação social norte-americanos acreditam também que tudo isto se deve às eleições intermedias deste ano. 

Os EUA não estão apenas no meio de uma disputa comercial com a China, o país está também agora a tentar renegociar normas comerciais com o resto do mundo segundo os seus interesses, discussão esta que está a fazer nascer uma guerra comercial também com a Europa. Se a disputa comercial entre a China e os EUA for, verdadeiramente, devido a trocas comercias, irá mais tarde ou mais cedo ficar resolvida, pois no final de contas o comércio tem como base o benefício mútuo. A curto prazo este défice comercial poderá levar a um desequilíbrio nos benefícios oferecidos a cada um dos lados, porém, trata-se de uma questão de autocorreção e por isso nunca estará muito longe do objetivo final de benefício mútuo. A Organização Mundial do Comércio (OMC) é quem define as normas básicas para um comércio justo, e a China garante que cumpriu com as suas responsabilidades, definidas aquando da entrada para a OMC. As suas trocas comercias durante o desenvolvimento desta disputa têm estado sempre sob a supervisão da Organização e seguindo as regras. Agora que a China é considerada a segunda maior economia a nível mundial, o objetivo do país é abrir-se mais ao resto do mundo e continuar a desenvolver-se. De facto, no ano passado, o país começou a definir uma atualização das políticas de abertura, anunciadas recentemente durante o Fórum de Boao para a Ásia. Grandes medidas têm sido implementadas em relação à proteção de propriedade intelectual, acesso ao mercado e redução de tarifas, tendo também sido anunciado na passada semana que serão reduzidas as restrições de investimento de capital estrangeiro na China. 

Depois de três sessões de discussão entre os dois países, a China concordou aumentar, exponencialmente as importações de produtos de que precisa e que os EUA estão dispostos a vender, sobretudo produtos agrícolas e energia, com Trump chegando mesmo a dizer que “a China irá comprar quase todos os produtos que os agricultores americanos produzirem”. 

A China não quer iniciar uma guerra comercial com os EUA, e por isso tem respondido, positivamente, às várias exigências internacionais. Tal como foi dito anteriormente, as disputas comerciais podem ser resolvidas. Mesmo que sejam de grande escala, lentamente conseguem ser superadas. Porém, se o verdadeiro objetivo americano for outro, o de restringir o desenvolvimento da indústria tecnológica chinesa, forçando o país a pôr de lado as maiores empresas tecnológicas, a questão é diferente. 

David Chan 13.07.2018

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