Defensores dos direitos humanos não estão mais para brincadeiras (2)

por Arsenio Reis

Os Estados Unidos, autoproclamados defensores dos direitos humanos, com a saída do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e críticas severas ao “preconceito crónico” do Conselho para com Israel, mostram claramente que a decisão se deveu ao facto de quererem continuar a apoiar as atitudes violentas de Israel na Faixa de Gaza. 

No mês passado, desde a decisão americana de mudar a embaixada de Telavive para Jerusalém, que os conflitos entre Israel e a Palestina têm vindo a agravar-se. Isto levou até mesmo a conflitos na Faixa de Gaza que resultaram em algumas dezenas de palestinianos mortos e milhares de feridos. Os ataques israelitas sobre palestinianos têm sido altamente criticados pela comunidade internacional, e por essa razão a ONU reuniu-se para discutir o problema, ignorando até o veto americano à resolução. Depois desta decisão, a embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Nikki Haley, apelidou este dia como o “mais negro” da história da Organização. Porém, durante uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, países como o Reino Unido e a França criticaram a norte-americana pelo apoio à atitude israelita, claramente violando os direitos humanos, e apontaram a mudança da localização da embaixada dos EUA como a principal razão para todos os conflitos posteriores. Na altura, ao deparar-se com críticas de vários países, Nikki Haley afirmou que os Estados Unidos nada tiveram a ver com os ferimentos em Gaza, salientando mais uma vez que Jerusalém se trata de um local sagrado para os judeus, e que os Estados Unidos apenas estão a lutar para garantir a paz no mundo. Mas mais uma vez, os comentários da embaixadora receberam críticas de vários países, com o representante da Rússia a questionar: “É a isto que os EUA chamam de paz quando são perdidas dezenas de vidas inocentes?”

Diante de um crescente conflito entre a Palestina e Israel, a ONU ordenou que o Conselho de Direitos Humanos iniciasse uma investigação sobre o conflito na Faixa de Gaza. Entre os 45 países com poder de voto, 29, incluindo a China e a Rússia, votaram a favor, e 2, EUA e Austrália, votaram contra. Todavia, como o voto dos EUA tem poder de veto, a medida não foi aprovada. Mesmo assim, a ONU não abandonou esta resolução, criando uma equipa internacional independente, sem participação americana, para investigar o caso. Esta decisão é claramente embaraçosa para Haley, que já foi várias vezes acusada de ignorar resoluções das Nações Unidas. Deparando-se com esta decisão da organização, e ao ver os EUA postos de parte, a embaixadora norte-americana anunciou a saída dos EUA do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas como forma de demonstrar o seu descontentamento. No entanto, o país não está assim tão disposto a largar o bastão dos direitos humanos que seguram desde a emancipação dos índios e escravos americanos. Os autoproclamados “defensores dos direitos humanos” irão continuar a defender este título e este bastão. 

DAVID Chan  06.07.2018

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