Macau continua a ver crescer o mercado de hotéis low cost

por Arsenio Reis

Num contexto marcado pela indústria do jogo, a indústria hoteleira em Macau sempre foi constituída, principalmente por hotéis de 4 e 5 estrelas. Dados oficiais mostram também que o número de quartos para esta categoria de hotéis aumentou 135 por cento na última década. No entanto, alguns investidores locais estão agora a apostar em hotéis low cost que oferecem preços baixos e atraem clientes diversificados.

Abriu no passado dia 7 de fevereiro um novo hotel de duas estrelas, chamado IFU, com 41 quartos. Este hotel, localizado na zona do Porto Interior, perto da Ponte 16, tem como principais clientes turistas individuais (que não viajam em grupo ou através de agências de viagens). Segundo a gerente, Cherry Si, desde a abertura o resultado tem sido positivo, atingindo 100 por cento de reservas durante alguns feriados importantes. Nos dias úteis o hotel contou também com uma média de 70 por cento de reservas. Cherry Si admitiu que “durante a época alta de exposições e turismo, o hotel, provavelmente estará também completamente cheio”.

Perto do Hotel IFU, além de pensões antigas de baixo custo, existem outros novos hotéis low cost. Entre estes, estão incluídos o Caravel Hotel, com investimento da empresa hoteleira The Uncharted Co, de Singapura, e ainda a San Tung Fong Commercial Inn, um investimento de um empresário local.

“De facto, nos últimos anos têm aparecido cada vez mais hotéis de 2 ou 3 estrelas, especialmente na área da Ponte 16. Isto decorre de a Avenida Almeida Ribeiro ser um ponto de grande interesse turístico. Como as pessoas têm vindo a visitar, gradualmente mais esta área, todos querem fazer negócio ali, mas os visitantes não se concentrarão sempre na mesma zona”, disse Cherry Si.

No entanto, reconheceu que uma das desvantagens do desenvolvimento desta zona do Porto Interior é que, em caso de chuva forte ou tufão, a zona fica, facilmente inundada. Por isso, depois do tufão Hato de agosto do ano passado, a empresa teve alguns custos extra em reparações.

Cherry Si explicou ainda que o Hotel IFU é um projeto da empresa Lefu. A construção arrancou há quatro anos e teve um custo total de mais de 100 milhões de patacas. O Hotel IFU é o primeiro estabelecimento hoteleiro da empresa com funcionamento independente. A principal atividade de empresa proprietária era a indústria imobiliária. A empresa está otimista face à, relativamente baixa oferta de hotéis low cost em Macau, e por isso quer continuar a desenvolver projetos ligados à indústria hoteleira.

“Na zona vizinha do hotel IFU ainda existem muitos locais por desenvolver. Até já considerámos construir um hotel na Rua 5 de Outubro nos próximos dois ou três anos. Os hotéis IFU têm como tema os cinco elementos chineses (Wu Xing). Por isso, o nosso próximo estabelecimento terá como tema a “água” (um desses elementos), mantendo sempre a ligação à cultura chinesa”, disse Cherry Si.

Em termos de preço, em dias úteis o custo de uma noite no Hotel IFU atinge as 530 patacas. No futuro novo hotel da empresa, os preços devem variar entre as 300 e as 400 patacas por noite. O período lucrativo dos hotéis low cost não será alcançado a curto prazo, e Cherry Si espera conseguir esse objetivo num prazo de cinco a oito anos.

Há dois anos atrás a empresa Lefu, em cooperação com outros colaboradores, adquiriu o Hotel de duas estrelas Ole London, mas, devido à falta de recursos humanos, arrendou o espaço a outra empresa hoteleira do continente.

“Esperamos, antes de desenvolver o nosso próximo hotel, voltar a explorar o Ole London depois de o contrato de arrendamento terminar. Em 2020 já deveremos ter o Ole London de volta. Esperamos também no próximo ano construir a nossa própria marca. Queremos que os nossos clientes não nos vejam como inferiores a outros hotéis de 4 ou 5 estrelas, mesmo que as nossas instalações não sejam tão abastadas”, disse Cherry Si.

Pousada Jinjiang

Segundo dados disponibilizados pela Direção dos Serviços de Turismo de Macau (DSTM) ao PLATAFORMA, até ao momento existem em Macau 50 hotéis low cost, incluindo quartos e aparthotéis de duas estrelas, com um total de 1.776 quartos. Este número representa 4,5 por cento dos quase 40 mil quartos de hotel disponíveis em Macau. A DSTM esclareceu ainda que emitiu novas licenças para mais dois “hotéis low cost”. Neste momento há 14 candidaturas a licenciamento, das quais quatro já receberam aprovação.

Segundo a Direção dos Serviços de Estatística e Censos de Macau, em abril deste ano, o total de quartos em hotéis de quatro e cinco estrelas era de 31 mil, enquanto no ano de 2008 este número era 13.337, o que representa um aumento de 135%. No entanto, o número total de quartos de hotel low cost, em comparação com 2008, aumentou apenas 28%.

O grupo Zhaohui, que está neste momento no processo de candidatura a licença hoteleira, contratou a equipa de administração da Pousada Jinjiang (cadeia famosa no continente) para gerir o novo estabelecimento localizado perto das Portas Do Cerco. Segundo Johnny Sitou, diretor-geral do grupo Zhaohui, este projeto conta com um orçamento de, aproximadamente 200 milhões de patacas, e irá ter 144 quartos. Depois da inauguração, o preço por noite nem dia útil vai variar entre 300 a 350 patacas, e rondará as 500 patacas ao fim de semana.

“A maior parte dos turistas em Macau vem do continente. Nem todos vêm pelo jogo, muitos jovens chegam apenas para provar a gastronomia de Macau, passear e fazer compras. Como a maior parte dos hotéis em Macau é de quatro ou conco estrelas, em alturas de férias ou feriados, os preços são extremamente altos. No mínimo são necessárias duas a três mil patacas. Por isso, acho que existe falta de hotéis low cost em Macau”, disse Johnny Sitou ao PLATAFORMA.

O próprio referiu ainda que depois de o Governo de Macau ter começado a promover o conceito de hotéis low cost há uns anos atrás, a empresa começou a estudar o potencial de desenvolvimento dessas unidades na zona das Portas Do Cerco.

“Existem quatro grandes cadeias chinesas de hotéis low cost: Jinjiang, 7days, Home Inn e Hanting. Inicialmente, as quatro tinham mais ou menos a mesma dimensão, no entanto, recentemente a Jinjiang adquiriu 85 por cento das ações da 7days, subindo para cerca de 20 milhões o número de clientes. É um valor enorme. A Jinjiang é neste momento a maior cadeia de hotéis económicos na China. Se tivermos como base o número de estabelecimentos e quartos, é também a maior cadeia de hotéis económicos em toda a Ásia”, disse Johnny Sitou para explicar o porquê de a empresa ter desenvolvido uma cooperação com a Jinjiang.

Espera-se que este novo projeto da Jinjiang esteja terminado ainda este mês. Johnny Sitou prevê que o processo de licença hoteleira ainda demore entre seis a nove até estar concluído. Admitiu que, “para os investidores, é uma espera um pouco longa”. Além disso, espera fazer do hotel um projeto-piloto na contratação de surdos-mudos como parte da força de trabalho.

Shao Hua  15.06.2018

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