Em busca do valor acrescentado

por Arsenio Reis

A aposta deve centrar-se na nova economia e nos serviços que acrescentem valor. É desta forma que o economista Albano Martins e o empresário António Trindade olham para o futuro das relações Macau/China-Portugal.

A visita de Lionel Leong, primeiro a Portugal e depois ao Brasil, nas próximas duas semanas é encarada como uma oportunidade para um novo impulso quer nas relações económicas sino-lusófonas António Trindade, diretor executivo da CESL Asia – empresa local da área de gestão e manutenção de edifícios –, e que integra a comitiva de Macau liderada por Leong, salienta que o conceito de plataforma sino-lusófona deve centrar-se nesta fase em setores de futuro. “Falta o desenvolvimento de uma nova economia que acrescente valor”, assinala. E isto aplica-se aos investimentos chineses já no terreno, como é o caso da posição da China Three Gorges (CGT) na EDP.

Trindade argumenta que, para Portugal, o investimento da CGT vale pouco se não for acompanhado por “um investimento económico e social”, até porque o gigante estatal chinês “tem atrás de si uma economia que produz tecnologia”.

A CESL Asia tem uma ligação histórica a Portugal, desde logo porque um dos principais sócios da empresa, no passado, foi a empresa portuguesa de engenharia Somague. Nos últimos anos, a CESL Ásia renovou o interesse em Portugal, com investimentos no imobiliário e no setor da energia solar. “A CESL Ásia está a abrir um potencial modelo de negócio que não existe e que é a tal plataforma em que pensamos que há um potencial enorme de criação de valor em termos de aplicação de tecnologias”.

Uma outra área chave é o setor financeiro. Isso mesmo foi afirmado pelo Secretário para a Economia e Finanças, para quem um dos objetivos desta missão a Portugal e ao Brasil passa por montar em Macau um centro de serviços financeiros para a ligação China-mercados lusófonos.

O economista Albano Martins concorda que há um caminho a trilhar nesse sentido.

“O sistema financeiro de Macau poderia aprender bastante com o que está a acontecer no sistema financeiro português que é um sistema sofisticado, muito aperfeiçoado, ao passo que o sistema de Macau é limitado”, diz.

Rodrigo Brum: “Apelamos à participação ativa de todos”

A visita de Lionel Leong surge numa altura em que o Brasil reforçou o interesse por Macau e pelo papel da região como plataforma. Desde Abril que o Brasil passou a ter um representante permanente no Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa (Fórum de Macau). Por outro lado, na semana passada, o Secretário dos Assuntos Internacionais do Ministério do Planeamento do Brasil, Jorge Arbache, esteve em Macau para participar no Fórum Internacional de Infraestruturas.

São resultados de uma intensificação da atividade do Fórum de Macau que deliberou este ano a realização de missões regulares a todos os países de língua portuguesa. Rodrigo Brum, Secretário-Adjunto do Fórum de Macau, afirma ao PLATAFORMA que à medida que a intervenção do organismo se alarga e em virtude do “reconhecimento da importância das ações”, aumenta também a exigência face à qualidade do trabalho desenvolvido. “ Apelamos à participação ativa de todos os países participantes no Fórum”, realça.

José Carlos Matias  15.06.2018

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