Os desafios de chamar um táxi

por Arsenio Reis

Um ano depois da entrada em funcionamento do novo serviço de rádiotáxi, a taxa de resposta não vai além dos 35 por cento. A empresa concessionária diz que as operações estão no vermelho e que precisa de, pelo menos, duplicar a frota.  

Depois de mais de um ano de operações, a única empresa que oferece o serviço de rádio táxi, a Companhia de Serviços de Radio-Táxi Macau S.A, está interessada em investir em mais 100 licenças de rádiotáxi que irão ser lançadas pelo governo este ano. Com oferta inferior às necessidades do mercado, gerir um negócio de rádiotáxi torna-se difícil, todavia, várias vozes na sociedade consideram que a empresa ainda tem onde melhorar dentro das restrições do mercado, e dessa forma aumentar a taxa de resposta do serviço.

Durante a gala de celebração do primeiro ano de funcionamento da empresa Radio-Táxi Macau, no dia 9 de abril, o diretor executivo, Cheong Chi Man, partilhou com a imprensa que é “impossível ter lucro” com os 100 veículos rádiotáxi (os chamados “táxis especiais”) cuja licença de operação tem uma validade de oito anos. Referiu também que mesmo que a empresa consiga pôr em circulação 200 veículos, irá necessitar de cinco anos para equilibrar as contas. 

“Se o Governo quiser de facto responder totalmente às necessidades do mercado local, serão necessários 500 veículos rádiotáxi, por isso desejamos que o mesmo aprove mais veículos”, disse Cheong Chi Man. O próprio explicou ainda que, de momento, a taxa de resposta da Radio-Táxi Macau é apenas de 35%, ou seja a cada 3 clientes que chamam um táxi apenas um vê o seu pedido atendido. Esta taxa de resposta já reflete uma evolução positiva em comparação com os 28% do ano passado, porém, ainda não está ao nível do objetivo que a empresa quer atingir. 

No que diz respeito ao problema de cancelamento de pedidos, o Cheong admitiu que este causa um prejuízo mensal no valor de 100 mil patacas à empresa, e que a operadora está a tentar desenvolver uma solução para o mesmo. Todavia, para já, a empresa não tem planos de aumentar o preço do serviço para resolver o problema dos custos de operação. 

Segundo Cheong Chi Man, a empresa, que está ainda a ter prejuízo, precisará de um investimento adicional de cinco milhões, estando neste momento em preparações para adquirir as novas 100 licenças de rádiotáxi a serem emitidas pelo Governo. 

A Companhia de Serviços de Radio-Táxi Macau lançou o serviço no dia 1 de abril do ano passado, aceitando pedidos através de chamada telefónica, aplicação de telemóvel e reserva online. Para pagamentos, o sistema é igual ao dos táxis convencionais. A taxa de chamada imediata é de cinco patacas dentro da primeira hora, sendo que os taxistas perdem direito a esse valor extra se chegarem ao local onde o cliente está com um atraso de mais de 10 minutos relativamente à hora. O cancelamento do serviço é grátis. 

Margem para progresso

Quando interrogado sobre o funcionamento do serviço de rádiotáxis em Macau, o diretor geral da empresa, Kevin U Kin Lung, descreveu-o como “muito difícil”, devido ao desequilíbrio entre procura e oferta de mercado, salientando que o problema que se evidencia, especialmente em horas de ponta de trânsito. Segundo a empresa, estas horas são entre as 7 e as 10, as 11 e as 13, as 15 e as 17 e, finalmente, entre as 18 e as 21. 

Para Chiang Chong Fai, presidente da Associação dos Consumidores das Companhias de Utilidade Pública de Macau, é preciso mudar a ideia que os cidadãos têm do serviço de rádiotáxi como sendo de baixa taxa de resposta. As soluções para este problema podem passar por uma maior promoção do uso do serviço em alturas fora da hora de ponta, maximizando a capacidade nestes períodos menos congestionados, e fazendo com que habitantes locais desenvolvam, lentamente o hábito de usar a Rádio-Táxi. 

Ron Lam U Tou, presidente da Associação da Sinergia de Macau, concorda que a escassez de licenças de rádiotáxis afeta a eficiência deste serviço. No entanto, a Rádio-Táxi Macau ainda tem margem para progresso, especialmente no que diz respeito ao desenvolvimento do serviço através de smartphones. 

“Mesmo com a funcionalidade da aplicação móvel para marcar o lugar em que o passageiro se encontra, ou o lugar de partida, o condutor tem sempre de ligar ao cliente para ter a certeza sobre a sua localização. Por isso, no que diz respeito a esta tecnologia, ainda podem ser feitas melhorias. Em relação ao conforto do veículo e preço da viagem, incluindo a tarifa de cinco patacas, tudo parece ser razoável”, comentou Ron Lam U Tou ao PLATAFORMA.

Concorrência de mercado 

Ron Lam U Tou disse acreditar que Macau deveria ter mais empresas de rádiotáxi, para que o mercado local tivesse mais serviços deste género disponíveis. 

Neste momento, a Associação de Mútuo de Condutores de Táxi de Macau planeia, entre maio ou junho, lançar uma aplicação móvel para chamar táxis. O presidente da associação, Kuok Leong Son, explicou ao jornal PLATAFORMA que esta aplicação irá estar disponível em duas versões, em chinês e em inglês. Através dela poderá também ver-se quantos veículos disponíveis estão perto do utilizador, e o pagamento poderá ser feito na mesma aplicação, também com uma opção disponível para o uso do Macau Pass. Também estará incluído um sistema de avaliação aos condutores.

Kuok Leong Son comentou ainda que esta aplicação permite aos utilizadores chamarem um táxi até uma hora antes da viagem. Numa primeira fase existirão mais de 200 veículos ao serviço da aplicação. Existem neste momento em Macau aproximadamente 1500 táxis convencionais em circulação. 

Relativamente à aplicação de telemóvel da empresa Rádio-Táxi Macau, o diretor geral da empresa, Kevin U Kin Lung, admitiu que estão neste momento a considerar integrar um sistema de pagamento na mesma. Atualmente, tanto em viagens rádiotáxi como em táxis solicitados na rua, os clientes já usam as formas de pagamento em dinheiro ou por via eletrónica. Dentro do método de pagamento eletrónico, estão disponíveis sistemas como o Macau Pass, Alipay, Quick Pass, VISA, MASTER e Union Pay. 

Shao Hua  27.04.2018

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