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Táxis elétricos exigem mais incentivos

Numa altura em que o Governo planeia promover o uso de táxis movidos a energia elétrica, académicos e especialistas da área acreditam que primeiro devem ser considerados os custos e a existência ou não de infraestruturas suficientes.

O Governo anunciou a abertura de 100 novas licenças de táxis na condição de que todos usem veículos elétricos. A empresa que já há algum tempo introduziu pela primeira vez no mercado o uso de 16 táxis elétricos organizou uma cerimónia de apresentação e considera que as condições de Macau são favoráveis ao uso deste tipo de veículos.

Leong, um dos motoristas profissionais que participou na sessão, conduzindo um dos táxis elétricos, ficou com a ideia de que estes são mais confortáveis do que os veículos convencionais. Em conversa com os jornalistas, lembrou que estes veículos não têm tubo de escape, são silenciosos, e por isso deixam os clientes satisfeitos. 

E disse mais: “Não achei o tempo de carregamento da bateria um incómodo. Pode usar-se o intervalo de jantar ou almoço para carregar, já que um carregamento normalmente dura duas horas. No entanto, alguns hábitos têm de ser mudados quando se usa um carro elétrico. É necessário um tempo de adaptação”.

Recordou ainda que, atualmente o número de carros elétricos em Macau é baixo, por isso as infraestruturas existentes serão suficientes, para já. Mas alertou que, no futuro, esse número irá subir, sendo necessária a construção de novas infraestruturas e estações de carregamento. 

Em declarações ao Plataforma, Kelvin U Kin Lung, diretor-geral da Macau Táxi, lembrou a crescente utilização, em todo o mundo, incluindo a China, de veículos elétricos. Além disso, considerou, a adoção de veículos elétricos em Macau é também uma forma de proteção ambiental, sendo por isso positivo.

“A diferença entre carros elétricos e convencionais é que os elétricos necessitam de ser carregados. Macau é um lugar pequeno, por isso em comparação com outras cidades é mais prática para se fazer essa operação”, defendeu.

Todavia, não deixou de fazer uma comparação: “No caso de Macau, uma cidade pequena, um carro convencional está, no máximo, a cerca de 15 minutos de uma bomba de gasolina para abastecer e seguir viagem. Mas, com os veículos elétricos, mesmo utilizando o carregamento de bateria rápido, são necessárias, no mínimo, duas horas para ‘abastecer’, o que é um grande problema.”

O dirigente defendeu ainda que o Governo precisa de melhorar as medidas de apoio à utilização de veículos elétricos.

Kelvin U admitiu, contudo, que ainda “não existem dados oficiais sobre os preços de carregamento de energia elétrica em Macau, não sendo por isso possível fazerem-se comparações com o consumo de combustível”. 

No entanto, o reconheceu que o uso de energia elétrica é “bom e prático” de usar num sítio tão pequeno como Macau.

Perante a questão se, no futuro, será possível o uso exclusivo de táxis movidos a energia elétrica, Kelvin U respondeu: “Primeiro é necessário calcular a rentabilidade dessa possibilidade, ver qual a diferença de custo entre os carros convencionais e os elétricos. Para já, essa diferença é ainda uma incógnita. Todavia, do ponto de vista do cliente, os carros elétricos são mais silenciosos em comparação com os táxis convencionais.”

Kun Pang Kou, professor da Universidade de Macau e presidente do The Chartered Institute of Logistics and Transport in Macao, não tem dúvidas sobre os benefícios da utilização de veículos elétricos, mas acentuou que as razões para o sucesso desta medida são, sobretudo económicas. 

“De momento, o custo de carros elétricos varia entre 300.000 e 700.000 patacas, por isso o custo do uso deste tipo de veículos como táxis seria demasiado alto. Para promover o uso de veículos amigos do ambiente, o Governo deve fornecer benefícios fiscais e outras medidas do género, levando dessa forma a indústria a criar veículos ecológicos que possam ser utilizados como um meio de transporte público. Atualmente, Macau tem aproximadamente mais de 1000 táxis, e se a todos forem oferecidos benefícios fiscais será dado um grande passo na promoção de meios de transporte ecológicos”, admitiu.

Há ainda um problema de infraestruturas. Atualmente existem poucas estações de carregamento de carros elétricos em Macau. A maior parte está localizada em parques de estacionamento e não estão uniformemente distribuídas, existindo ainda uma escassez de estações em Coloane e na Taipa. Se o carregamento da bateria não for conveniente, o taxista não ficará satisfeito, porque vai ter receio de que o tempo gasto no carregamento afete o negócio, perdendo clientes. 

Kun Pang Kou lembrou ainda que as emissões de gases dos táxis têm um claro impacto no ambiente, já que operarem, praticamente 24 horas sobre 24 horas.

Por isso, de um ponto de vista ambiental, os veículos elétricos, com emissões zero, são preferíveis aos carros convencionais emissores de gases. Consequentemente, afirmou, a promoção do uso de táxis elétricos irá ter um impacto positivo no melhoramento da qualidade do ar. 

“Existem notícias de que os carros convencionais irão deixar de ser vendidos na China continental a partir de 2025. Macau pode ter isto em consideração e preparar-se atempadamente, alinhando-se com a atual tendência de desenvolvimento. No futuro, poderão também desenvolver-se cooperações com empresas de energia, criando estações de carregamento nos parques de estacionamento das residências, promovendo o uso de veículos elétricos pelo grande público”, preconizou.

Em resposta ao Plataforma, a Direção dos Serviços para os Assuntos do Tráfego esclareceu que, de acordo com as políticas atuais de Macau, a compra de carros elétricos já está isenta de impostos, lembrando que a implementação de táxis a energia elétrica é apenas um teste, uma fase preliminar cujos resultados serão devidamente analisados. 

Já sobre a escassez de estações de carregamento de veículos elétricos, a mesma entidade indicou que “existem de momento 119 estações de carregamento em Macau, e se houver uma avaliação positiva desta medida, o uso de táxis elétricos será implementado”.

E concluiu: “Em princípio, a implementação de táxis elétricos acontecerá a par da criação de postos próprios de carregamento, e as estações públicas de carregamento serão apenas infraestruturas auxiliares.” 

Kenneth Choi  15.02.2018

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