Ano de Portugal na China em 2019

por Arsenio Reis

A realização do Ano de Portugal na China será uma das maiores iniciativas da diplomacia cultural de Lisboa no próximo ano. O Ano da China em Portugal vai decorrer em simultâneo. Marcarão 40 anos de relações diplomáticas entre os dois países e 20 anos desde a entrega de Macau.

A realização dos Anos Culturais China-Portugal, adiada no final de 2010 devido às restrições financeiras vividas por Portugal no auge da crise europeia, está marcada para 2019, ano em que assinalam 40 anos sobre o retomar oficial das relações diplomáticas entre os dois países e 20 anos sobre a transferência de administração de Macau.

O Ano de Portugal na China constituirá uma das principais iniciativas da Ação Cultural Externa (ACE) portuguesa – o programa de diplomacia cultural do país iniciado em 2017 em cuja organização se articulam o Ministério da Cultura e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país. A data para a realização foi confirmada pelo ministro português da Cultura, Luís Filipe de Castro Mendes, no passado dia 18, aquando da apresentação do plano da ACE para este ano. 

Em 2018, a geografia privilegiada da diplomacia cultural de Lisboa será a americana, com Portugal como convidado de honra na Feira Internacional do Livro de Guadalajara, no México, em novembro, e a celebração do Mês de Portugal nos Estados Unidos, em junho. Mas, já em 2019, avançou Castro Mendes, a China terá destaque ao realizar-se, simultaneamente, o Ano de Portugal na China e o Ano da China em Portugal.

“Nós temos uma grande ambição em relação à China, e a China é extremamente recetiva, com muita vontade de desenvolver a relação”, disse ao PLATAFORMA o ministro português, indicando também a existência de diretrizes específicas da parte dos parceiros chineses para que a programação inclua iniciativas de intercâmbio na área do património. Em particular, ligadas à memória das relações históricas entre Portugal e China e também das antigas rotas da seda.

“A seda que vem da China é trabalhada aqui, e há o papel da cerâmica da China na nossa história. Temos coleções de cerâmica chinesa de grande qualidade”, lembrou Castro Mendes.

Para além disso, o governante avançou planos para iniciativas na área da dança e do cinema. “Fizemos já uma mostra no ano passado de cinema português em duas cidades da China que teve muito sucesso”, recordou.

“Quer na área patrimonial, quer na área da criatividade e das artes performativas e criativas – também na pintura e certamente na música -, haverá muitas ocasiões de trabalho conjunto com a China”, disse.

O ministro português recordou também a intenção, anunciada em 2014, de Portugal estabelecer um centro cultural do país em Pequim, cuja abertura se esperava inicialmente que ocorresse em 2016. Castro Mendes indicou que a expectativa é que o projeto esteja já encaminhado aquando da realização do Ano de Portugal na China, no próximo ano, mas que será ainda necessário recolher financiamento.

“Há vontade de fazer o Centro Cultural português em Pequim, a exemplo do estabelecimento do Instituto Confúcio aqui em Lisboa. Vamos ver as possibilidades, os meios e os recursos que teremos para a constituição desse centro, que precisará naturalmente de muita angariação de fundos”, disse. ”Espero que [em 2019] já esteja planeado, e espero que já esteja na calha”, juntou.

A ação cultural externa portuguesa foi iniciada em 2017 com 1300 iniciativas inicialmente programadas, acabando por incluir no final do ano aproximadamente 1600 ações, metade das quais realizadas no continente europeu. África, e em particular a de expressão lusófona, recebeu o segundo maior número de iniciativas, 319, seguida do continente americano, com 250. Na Ásia e Oceânia foram realizadas 165 ações. Já para este ano, a diplomacia cultural portuguesa planeia realizar 1400 iniciativas em 81 países, dos quais 11 na região da Ásia e Oceânia.

Incluída no programa de 2018 está a exposição, que terá lugar em Macau, sobre as “Chapas Sínicas”, conjunto que documenta a correspondência entre as autoridades portuguesas em Macau e o império chinês no período entre 1693 e 1886, inscrito no ano passado no Registo da Memória do Mundo da UNESCO através de uma candidatura conjunta de Portugal e Macau. Os documentos encontram-se no Arquivo da Torre do Tombo em Lisboa, que organiza a exposição conjuntamente com o Arquivo de Macau. Decorre este ano em Macau, e em 2019 em Portugal. 

Maria Caetano

Data da visita de Xi Jinping a Portugal por confirmar

A Embaixada da República Popular da China em Lisboa confirma a realização do Ano da China em Portugal em 2019, mas avança não ter ainda uma data para a esperada visita do Presidente Xi Jinping a Portugal.

A representação de Pequim lembra que a realização dos Anos Culturais Portugal-China coincidirá com o 40º aniversário do retomar das relações diplomáticas entre Lisboa e Pequim e com o 20º aniversário do estabelecimento da Região Administrativa Especial de Macau, estando os programas de iniciativas já a ser delineados por Lisboa e Pequim em conjunto. “As duas partes estão a conversar sobre as atividades a realizar”, informou a embaixada em resposta ao PLATAFORMA.

Permanece, no entanto, por confirmar a data da visita do Presidente Xi Jinping a Portugal. O Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, disse em novembro último esperar que esta se realizasse ainda em 2018.

A missão diplomática de Pequim diz, para já, que não tem ainda conhecimento da data em que se realizará a visita. Mas, sublinha, “as relações entre a China e Portugal encontram-se na melhor fase da história”. “Os dois países mantêm frequentes visitas de alto nível. Os dois presidentes mantêm contactos estreitos. A confiança política está a aumentar. As duas partes vão manter esta boa tendência”, afirma.

Maria Caetano  26.01.2018

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