A luz de Macau

por Arsenio Reis

Festival de Luz arrancou dia 3 de dezembro com espetáculos de ‘videomaping’.

O amor está no ar. Ou melhor, está espalhado por vários locais de Macau. Subordinada ao tema “Amor Macau”, a 3a edição do Festival de Luz apresenta este ano várias atividades espalhadas por oito pontos do território. 

A época natalícia começa assim com muita luz. Três espetáculos de ‘videomaping’, instalações luminosas, jogos interativos e espetáculos de música e luz é o que o Turismo de Macau oferece aos locais e a quem visita a RAEM por estes dias. 

Toda a produção do evento é 100 por cento local, depois de dois anos com equipas de produção a incluir profissionais de Taiwan e de Hong Kong. 

O festival custa este ano ao erário público 18 milhões de patacas – menos dois milhões do que a edição do ano anterior. 

O tema escolhido, explicou a diretora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, surgiu com naturalidade depois da onda de solidariedade que sucedeu a passagem do tufão Hato, em agosto passado. 

“Houve muito sofrimento, mas também solidariedade entre os diversos setores de Macau”, esclareceu, reiterando que o festival celebrará os laços de fraternidade e amor entre todos.

As Ruínas de São Paulo foram o palco escolhido para a cerimónia de abertura, intitulada “Desejo Feito Debaixo das Estrelas”. 

O ex-libris de Macau acolhe ainda mais dois espetáculos de ‘videomaping’, onde serão projetadas luzes que interagem com o relevo do monumento. Uma alusão à confluência de culturas, religiões e etnias que marcam o território. Daí até ao Centro Náutico da Praia Grande é um pulo. O itinerário passa ainda pelo Largo do Senado, antes do espaço Anim’Arte Nam Van.

A fachada da Igreja de Santo António será palco para “O Farol da Guia da Vida”, com uma projeção que pretende aliar histórias de amor e os marcos históricos da igreja. O festival passa ainda por São Lázaro, onde será projetado o espetáculo visual “Misericórdia e Amor para Todos”, naquilo que é uma experiência que junta a música à profusão de luzes, e na zona do Jardim de Luís de Camões com “Abraçar a Integração”, num percurso que inclui ainda as Casas-Museu da Taipa, onde será montado um palco para concertos de bandas locais.

Um lago cheio de luz

A par das Ruínas de São Paulo, um dos lugares mais importantes do festival é o Lago Nam Van, onde está instalado o “Labirinto das Flores”. 

Trata-se de uma instalação do artista local James Chu, presidente da Associação de Designers de Macau, que convida os participantes a sentir o poder misterioso de um mar de rosas, onde podem ser lançadas lanternas de desejos no toldo ao lado do Centro Náutico. 

No lago serão ainda projetadas imagens de luz, sendo permitido ao público participar com frases e haverá uma paragem de autocarro em holograma, música, dança e jogos para públicos de todas as idades.

Maria Helena de Senna Fernandes disse estimar que esta edição do Festival de Luz tenha mais visitantes que os anos anteriores, ultrapassando os 200 mil espectadores do ano passado. O otimismo da diretora dos Serviços de Turismo deve-se ao facto de o evento ter mais motivos locais e por ser já a terceira edição. 

“O programa deste ano integra a história e a cultura da cidade e queremos torná-lo num evento de marca de Macau”, referiu.

Num mês cheio de eventos, o festival pode beneficiar muito com isso. Desde a Maratona Internacional de Macau ao Festival Internacional de Cinema, passando pelo Desfile Internacional de Macau e pelo aniversário da RAEM, tudo é pretexto para que o território se encha de turistas.

Jardim com luz na alma

Além de instalações, de cinema e de concertos de bandas de jazz e ‘pop’ do território, a programação do certame integra ainda a mostra “A luz na alma – Exposição de Arte Visual de Luz”, que reúne obras dos artistas locais José Drummond, João Ó e James Chu. A mostra acontece na sala de exposições da Casa Garden, a sede da Fundação Oriente na RAEM.

Em paralelo, “o fomento das indústrias culturais e criativas em Macau, através do festival, ajudará a expandir o turismo”, defendeu Maria Helena de Senna Fernandes. 

“A DST organiza o Festival de Luz de Macau desde 2015, com a intenção de atrair os visitantes para diferentes zonas da cidade, apreciar Macau e conhecer a história e cultura da cidade através da arte de projeção de luz, de modo a prolongar a duração da estadia de quem visita o território e proporcionar benefícios económicos aos comerciantes”, acrescentou.

A intensidade de luz de algumas das projeções dos anos anteriores gerou algumas queixas por parte da população. Nesse sentido, a organização procurou encontrar um ponto de harmonia que agrade a todos – locais e visitantes. 

“Este ano penso que encontrámos o equilíbrio certo entre os interesses da população e a intensidade da projeção de luz”, referiu ainda Senna Fernandes.

Mas as novidades não terminam por aqui. Os responsáveis pelo festival lançaram uma aplicação para telemóvel – Macao Light Festival 2017 – que fornece informações sobre as atividades do evento, um jogo de coleção de peças de “puzzle do amor” e um jogo interativo nas Ruínas de São Paulo, entre outros. Estão ainda a ser lançados produtos culturais e criativos da autoria de criadores e estúdios do território que estão à venda nos postos de informação espalhados por vários locais da cidade.

Numa organização da Direção dos Serviços de Turismo, em conjunto com o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais, o Instituto Cultural e o Instituto do Desporto, o festival decorre todos os dias, até 31 de dezembro, entre as 19h00 e as 22h00.  

made in Macau

O “Festival de Luz de Macau 2017 – AMOR MACAU”, de produção totalmente local, está a decorrer em vários pontos emblemáticos de Macau, organizado pela Direção dos Serviços de Turismo (DST), em parceria como o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM), o Instituto Cultural (IC) e o Instituto do Desporto (ID). Com criação conjunta do Centro de Design de Macau, o festival procura, através da arte de luz, divulgar a mistura multicultural de Macau e as suas histórias comoventes, levando os cidadãos locais e os turistas por uma viagem pelos sonhos e pelo amor.

O festival deste ano, além dos espetáculos de vídeo mapping, instalações de luzes e jogos interativos, inclui uma série de novas atividades, designadamente uma exposição artística de luz, concertos de grupos locais e cinema ao ar livre, jantares de luz. O objetivo da organização é permitir que as pessoas desfrutem de espetáculos visuais e sonoros que criam uma experiência tanto física como espiritual. 

James Chu, representante do Centro de Design de Macau, mostrou-se “feliz e emocionado” quando foi desafiado a comentar a forma como o festival tem decorrido. 

O Centro de Design de Macau, sediado numa antiga fábrica na zona de Areia Preta, é uma plataforma local que pretende promover a cultura e a indústria de design criativo. Foi criado em 2012 pela Associação de Designers de Macau, organismo que conta já com 30 anos de história. 

O objetivo do centro é desenvolver e promover várias áreas do design, ajudando a fazer crescer artistas ou empresas de design do território, não só no mercado local, como também no mercado da China continental e até mundial. 

O diretor, James Chu, tem dirigido o centro nos últimos três anos. Para o ano em curso, o centro propôs-se atingir uma nova meta: a criação de um concurso público para o “Festival de Luz de Macau 2017”. Para James Chu, o evento ao estar nas mãos de designers, artistas performativos e criadores locais é algo que o deixa “muito feliz”. Esclarece que, devido à quantidade de entidades locais associadas ao evento, a conceção e execução do festival foi um desafio para o qual foi necessária “uma  constante comunicação”. 

“Todavia, além da comunicação, devemos também deixar aos artistas algum espaço criativo e de imaginação, fazendo todos os esforços para o projeto ganhar vida”, defendeu.

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– O Centro de Design de Macau trabalhou e está a trabalhar em conjunto com mais de 100 artistas locais para a realização deste festival. Quais foram e são os maiores desafios de um projeto desta dimensão?

James Chu: O maior desafio é coordenar cada artista com as suas ideias, tendo em conta um orçamento e tempo limitados, e fazer o mesmo com entidades de produção e departamentos governamentais. Todos os dias são feitas alterações, e agradar a todos os participantes não é fácil. Queremos, pelo menos atingir, 80 por cento dos nossos objetivos e mostrar a força dos artistas macaenses.

– Como é que o Centro de Design de Macau põe em prática as ideias destes criadores?

J.C.: Através de inúmeras reuniões. Reuniões gerais, reuniões por grupos e até reuniões com cada artista individualmente, para que tenham o maior espaço criativo possível. Mas, mesmo que se consiga logo à primeira que tudo saia conforme as expectativas da equipa, ainda são feitos constantes ajustes.

– A edição deste ano do festival é a primeira com produção totalmente local. Como se sente?

J.C.: Feliz e emocionado! Finalmente podemos ver as capacidades dos nossos artistas locais, ver as nossas qualidades e defeitos na prática.

  O tema desta edição é “Amor”. Houve algum desafio na transposição deste tema para as luzes?

J.C.: “Amor” pode ser algo muito abstrato, por isso esperamos através de vários efeitos de luzes, assim como de som, conseguir transmitir aos espetadores uma atmosfera de amor. No entanto, cada pessoa tem uma perceção pessoal desse sentimento, não é algo que possa ser forçado. Por exemplo, para mim, uma fotografia de um casal de idosos numa paragem de autocarro, a cara de choro de cada criança quando a mãe apaga a luz, uma família numerosa a tentar de todas as formas tirar um retrato de família são, todas elas, imagens que estão cheias de amor e afeto. 

– Nesta edição do festival, o próprio James Chu também tem duas obras em exposição (uma de autoria exclusiva e outra em colaboração). Pode falar-nos um pouco sobre estas duas obras.

J.C.: A obra de minha autoria é um conjunto de pintura e projeção, numa tentativa de expressar as emoções por detrás da pintura, um desafio completamente novo. O Anim’Arte Nam Van (Parque Recreativo de Luzes) e o Centro Náutico do Lago Nam Van (Labirinto de Flores) são ideias e projetos que se têm vindo a acumular durante estes últimos três anos e que, graças ao trabalho de toda a equipa criativa, foram concluídos com sucesso e estão a receber um grande número de visitantes que parecem adorar a experiência. Como organizador deste evento pude ainda, em grande parte do tempo, participar em projetos de outros artistas, o que fornece imensas oportunidades de criação.

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Residentes e turistas aprovam edição deste ano do Festival de Luz

Há uma luz especial por toda a cidade e tanto os residentes como os turistas têm sabido aproveitar bem os serões a admirar as criações dos artistas locais. Maggie Lee, de 21 anos, conta que numa única semana já fez três visitas a pontos diferentes da cidade para apreciar o que considera ser “uma altura mágica do ano”. 

A estudante local já tinha visitado as duas edições anteriores do festival e, por isso, não tem dúvida em afirmar que “não há comparação com a edição deste ano”, que considerou “muito mais abrangente e bonita”. 

Entre as suas preferências estão as sessões de ‘videomapping’ nas Ruínas de São Paulo e o ‘jardim’ montado no espaço Anim’Arte Nam Van, da autoria de James Chu. 

O empresário Dawson Xu, de Pequim, veio a Macau de férias com a namorada e não sabia que ia encontrar pelas ruas da cidade tanta luz. 

“Nunca tinha ouvido falar deste festival, mas quando estávamos a caminho de um restaurante para jantar vimos estas luzes por todo o lado e fomos ver o que era”, diz, acrescentando ter sido uma surpresa muito agradável. 

“Saio de Macau com uma ótima impressão. Acabamos por ter uma espécie de viagem romântica sem o termos previsto”, afirmou.

O casal apontou ainda que toda a iluminação “fica muito bem” para realçar o património histórico da cidade. 

“Achamos muito interessante ter visto as coisas de dia de uma maneira e, depois, constatar esta transformação à noite”, acentuou.

A diretora dos Serviços de Turismo, Maria Helena de Senna Fernandes, explicou que um dos grandes objetivos do Festival de Luz é justamente “atrair os visitantes para diferentes zonas da cidade, apreciar Macau e conhecer a história e cultura da cidade através da arte de projeção de luz”. 

Com isso, os Serviços de Turismo também esperam que os visitantes queiram permanecer mais tempo na cidade, o que beneficia toda a indústria turística do território. 

A estratégia parece ter resultado, pelo menos com a estudante Claudia Pang, de Hong Kong, que disse ter visto a publicidade do evento na região vizinha e que por isso quis combinar uma viagem com duas amigas para ver Macau ‘vestida’ de luz. 

“Quando vi as imagens na televisão, fiquei fascinada. Não foi difícil juntar as minhas amigas para ver pessoalmente”, contou. 

Depois de uma tarde de compras, o trio foi assistir ao espetáculo nas Ruínas de São Paulo e saiu de lá bastante fascinado. 

“É realmente lindo. Valeu a pena”, assegurou.

O casal de turistas portugueses Luísa e Manuel Martins, que está em Macau para passar o Natal com a família, ficou surpreendido por ter encontrado uma cidade bastante diferente desde a última visita, no ano passado. 

“A cidade ganhou uma luz impressionante. Os monumentos ficaram mais bonitos. Achamos o festival fantástico. Já fomos a vários pontos e gostámos de tudo o que temos visto. Recomendamos a todos. É uma ótima maneira de se passar um bom serão em família”, realçou.  

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