Coreia do Sul esforça-se para reatar laços com China (2)

por Arsenio Reis

Desde que a Coreia do Sul implementou o sistema antimíssil THAAD, as relações do país com a China atingiram o seu ponto mais baixo. No entanto, no final de outubro a situação parecia estar estabilizada. Também no início deste mês, durante duas importantes reuniões na Ásia, a APEC – Cooperação Económica Ásia-Pacífico e a ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático, o Presidente sul-coreano, Moon Jae In, encontrou-se com o Presidente chinês, Xi JinPing, e com o primeiro-ministro chinês, Li Ke Qiang, respetivamente. Depois do encontro, o Presidente sul-coreano disse que ambos os lados decidiram deixar para trás a questão do sistema THAAD e continuar a desenvolver relações bilaterais. Porém, Li Ke Qiang espera que a Coreia do Sul continue a fazer esforços nesta direção. Ainda assim, é da opinião geral que a principal razão deste reatar de laços entre a China e a Coreia é o facto de a política dos “três nãos” coreana ter recebido aprovação chinesa. 

A política dos “três nãos” consiste em não desenvolver uma aliança militar trilateral com os EUA e o Japão, não voltar a implementar o sistema antimíssil THAAD e não participar no sistema antimíssil liderado pelos EUA.

Na verdade, não entrar numa aliança militar com os EUA e o Japão é vantajoso para a Coreia. É do conhecimento geral que os Estados Unidos estão ansiosos por estabelecer uma aliança militar, por eles liderada, no nordeste asiático de forma a conseguirem exercer pressão sobre a China, a Rússia e a Coreia do Norte a nível militar, e por isso esta aliança militar trilateral foi apelidada de “Pequena Nato”. Embora a Coreia do Sul seja aliada dos Estados Unidos, não é aliada do Japão, e devido a razões históricas não está disposta a formar agora uma aliança. Além disso, se fizer parte desta “Pequena Nato”, a Coreia irá criar conflitos com os dois grandes vizinhos, China e Rússia. Tal como disse Xi Jinping, a Coreia e a China são vizinhos e possuem uma relação estreita, por isso, para o bem nacional, o melhor é a Coreia não se juntar a tal aliança.

Em relação ao tema do sistema antimíssil THAAD, por este sistema utilizar um radar de banda X (com um alcance entre 1800 a 2000 quilómetros, constitui um risco para a defesa nacional e segurança militar chinesas, fazendo com que Pequim se oponha veementemente ao mesmo) e possuir um sistema de controlo de disparo (num espaço entre 600 e 800 quilómetros interceta com precisão e ataca mísseis inimigos), sendo que os dois modelos não podem funcionar em simultâneo. Para a Coreia, neste momento, mais importante do que espiar as atividades militares chinesas é usar o sistema de controlo de armas para intercetar eventuais mísseis norte-coreanos. Embora a introdução do sistema permita as duas tarefas, ao fazê-lo estará a passar os limites impostos pela China, além de que até ao momento a China ainda não demonstrou nenhuma agressividade militar. Por isso, neste momento, não introduzir sistemas como o THAAD é a melhor decisão que a Coreia do Sul pode tomar. 

No que diz respeito à não-participação no sistema antimíssil americano, como a aplicação das duas outras políticas “negativas”, não existe necessidade de fazer parte de tal sistema.

Estas três políticas mostram uma boa vontade por parte da Coreia do Sul de emendar laços com a China, mas esta decisão também traz vantagens ao próprio país. Além disso, a aprovação chinesa levou a um reatar da relação entre os dois países. Só resta saber se durante a sua visita à China este mês Moon Jae In conseguirá manter e consolidar esta tendência. 

DAVID Chan 

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