Políticos norte-americanos enganam o público com críticas à China

por Arsenio Reis

Numa recente convenção regional organizada pelo Comité Nacional de Relações entre a China e os Estados Unidos, sediado em Nova Iorque, Susan Rice, a antiga conselheira de segurança nacional norte-americana, disse que a China continua a ser um dos “sacos de pancada” mais usados, logo a seguir, talvez, a Hillary Clinton e a si própria.

Susan Rice expressou que os líderes e criadores de políticas norte-americanos precisam de ser mais prudentes na forma como representam a China em políticas nacionais, acrescentando que muita da retórica aplicada à China dificulta a criação de políticas nos Estados Unidos.

Rice pode estar apenas a brincar quando se compara a si própria e Hillary Clinton à China, mas o reconhecimento destas críticas por parte de um antigo membro da Casa Branca é algo bastante revelador.

Durante anos, vários chineses têm assistido com frustração à forma como políticos norte-americanos, muitas vezes com conhecimento escasso da realidade fora do seu mundo, usam a China como um “bicho papão” de forma a conseguir implementar certas políticas internas, ou simplesmente como forma de ganhar votos.

Muitos chineses têm também tentado ver esta situação de forma positiva, dizendo que esta criação de medo em relação à China só prova o rápido crescimento e sucesso do país.

A China tem feito grandes avanços nestas últimas quatro décadas. A sua economia, que era mais pequena do que a do Estado da Califórnia em finais dos anos 70, tornou-se agora na segunda maior economia a nível global, ou a maior de acordo com o Fundo Monetário Internacional, usando a paridade de poder de compra como critério.

Em grande parte do mundo político de Washington criticar a China está na moda. É basicamente possível lançar à China alegações sem fundamento ou puras mentiras, sem qualquer responsabilização. Nenhuma agência de notícias norte-americana se daria ao trabalho de verificar os factos.

Esta forma de política americana, questionável, não se reflete só na China. Políticos em ambos os partidos, republicano e democrático, atacam-se mutuamente, quase diariamente, de forma a trazer algum proveito a nível pessoal, ignorando os verdadeiros problemas com os quais o povo americano que os elegeu se importa.

Esta política partidária tornou Washington disfuncional. E estes ataques à China têm tido um impacto na opinião do povo, e ainda na criação de políticas, como Rice admitiu.

O resultado é uma reação automática de que qualquer coisa relacionada com a China é má, tal como quando o governo de Obama reuniu os aliados dos EUA em 2015, para o que depois se tornou numa missão falhada para rejeitar o Banco Asiático de Investimento em Infraestruturas iniciado pela China.

A Parceria Regional Económica Abrangente tem sido retratada como um acordo comercial liderado pela China e de baixo padrão, sendo mau para a região. No entanto, esta foi proposta pela Associação de Nações do Sudeste Asiático e representa um passo em frente no que diz respeito à integração e liberalização económica regional.

Mesmo na sua convenção, a crítica de Rice ao investimento chinês em África e na iniciativa Faixa e Rota são descritos com mesquinhez, ignorando o enorme lado positivo dos acontecimentos.

É bem possível que o público tenha sido induzido em erro pela retórica dos seus políticos e meios de comunicação em vários inquéritos em relação à China. Por exemplo, a 9 de novembro uma sondagem organizada pela Agência Pew mostrou que 46 por cento dos americanos vêm o poder e influência chinesa como uma grande ameaça ao bem-estar dos Estados Unidos; 40 por cento dizem ser uma ameaça de nível menor, e apenas 11 por cento dizem não ser uma ameaça.

O que é mais alarmante é o facto de muitos eruditos serem cada vez mais parecidos com políticos, mantendo também opiniões parciais da China, e dessa forma prejudicando a sua própria credibilidade como estudiosos e investigadores.

A China, como qualquer outro país do mundo, faz boas ações e comete erros. E por isso merece receber o mérito quando faz o bem, e deve ser chamada à atenção quando comete erros.

Essa é a atitude correta que eruditos e meios de comunicação devem tomar, tal como os políticos norte-americanos, de forma a manter os seus cidadãos bem informados e de forma a criar boas políticas de governação. As criticas à China não magoam só a China, mas também os Estados Unidos. 

Chen Weihua*

*Vice-Editor do China Daily USA

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