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EUA fazem “muito barulho por nada” devido a base chinesa no Djibouti

A Marinha do Exército de Libertação Popular efetuou, no passado dia 11, uma cerimónia de partida de tropas para a criação de uma base de apoio no Djibouti. Os Estados Unidos têm vindo a vociferar contra uma expansão militar por parte da China, mas, na verdade, esta base resulta de um acordo de arrendamento de terreno com o Djibouti realizado em novembro de 2015, tendo as respetivas construções sido iniciadas em dezembro do mesmo ano.

O primeiro país a arrendar terreno no Djibouti para uma base militar foi a França, seguida dos Estados Unidos, e também o Japão e o Reino Unido construíram aí bases com instalações de ancoragem. Isto acontece devido à importante posição geográfica do Djibouti. 

Olhando para o mapa, podemos verificar que a norte existe o Golfo Pérsico, com o Golfo de Áden a sul, a noroeste temos o Golfo de Suez e o Golfo de Aqaba, e a nordeste o estreito Bab-el-Mandeb. Excluindo o Golfo Pérsico, as restantes zonas são águas de pirataria, e o Iémen e a Somália nos recentes anos têm-se transformado praticamente em bases de organizações terroristas. 

No passado, os piratas existentes eram principalmente da Somália, mas atualmente também surgem piratas do Iémen. Por isso, para garantir a segurança no transporte de fontes energéticas do Golfo Pérsico para a Europa e para o Oceano índico, os Estados Unidos, o Japão, o Reino Unido, a França e a NATO enviaram tropas para zonas próximas. Também a China participou em atividades de escolta naval e de combate à pirataria, assim como em missões de manutenção da paz da ONU no Sudão do Sul, país vizinho do Djibouti, e na zona entre a Somália e o Quénia. 

A escolha do Djibouti para uma base de apoio chinesa parece ser fruto da necessidade. Embora o Porto de Gwadar fosse também uma possibilidade, este encontra-se relativamente longe do Mar Arábico, e os objetivos da construção da primeira base chinesa no estrangeiro são o fornecimento de mantimentos, a manutenção da paz e a ajuda humanitária. 

Falando de ajuda humanitária, é importante lembrar que em 2011 a aliança militar dos Estados Unidos, Reino Unido e França usou como desculpa a manutenção da paz na Líbia por parte da ONU para atacar o exército do país e assassinar Muammar Gaddafi, deixando a Líbia num estado de caos e de guerra civil que persiste até hoje. Muitos líbios tornaram‑se refugiados para escapar à guerra, e nesse ano a China enviou navios de escolta para fornecer apoio, tendo como local de ancoragem o Djibouti.

Os Estados Unidos estão extremamente assustados com a criação da base de apoio chinesa no Djibouti porque ela se situa junto à sua base militar. A base chinesa é maior e as suas instalações são mais avançadas, e é possível que no seu interior o número de pessoas ultrapasse também as atuais cerca de quatro mil da base norte-americana. 

Isto coloca uma grande pressão sobre os Estados Unidos, pois a sua base militar no Djibouti é uma das duas principais bases da Quinta Frota dos Estados Unidos. A base norte-americana possui caças F-16 e antissubmarinos P-3C, sendo que estes últimos também são usados pela base do Japão para monitorizar o Oceano índico. 

Ao contrário da base francesa, a base chinesa não possui uma unidade de forças especiais de combate, destinando-se apenas a tarefas de aprovisionamento, manutenção da paz e ajuda humanitária. Contudo, é natural que os Estados Unidos, habituados ao seu domínio sobre a zona, se sintam desconfortáveis com esta primeira base chinesa no estrangeiro. 

DAVID Chan

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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