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Navios militares norte-americanos nas ilhas Paracel anunciam o final da lua-de-mel sino-americana?

No dia 2 de julho, as forças armadas norte-americanas enviaram o contratorpedeiro USS Stethem para águas a menos de 12 milhas náuticas da ilha Triton. O navio norte-americano foi expulso por três navios e dois aviões militares chineses.

Esta é a segunda vez sob o Governo de Trump que um navio de guerra norte-americano é enviado para o Mar do Sul da China, depois de a 25 de maio ter sido mobilizado o contratorpedeiro USS Dewey para as águas próximas do recife de Mischief. Os meios de comunicação social norte-americanos viram este incidente como um sinal de que a lua-de-mel entre a China e os Estados Unidos já chegou ao fim. Contudo, este incidente do USS Stethem, juntando-se à venda de armas a Taiwan, ao apoio do senado norte-americano a que os navios militares atraquem nesse território e a uma série de outras ações extremamente politizadas, não se trata de uma operação militar de rotina, mas faz parte de um plano maior com o intuito de transmitir uma determinada mensagem. Mensagem essa que é bem clara para a China e os Estados Unidos.

Para além da expulsão do navio norte-americano, em resposta ao recente incidente, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Lu Kang, com uma rigidez rara nas suas palavras, afirmou: “Os Estados Unidos, usando o pretexto da liberdade de navegação, enviaram mais uma vez de forma não autorizada um navio militar para as águas territoriais da China, próximas às ilhas Xisha. Este comportamento violou a legislação chinesa e internacional, infringiu a soberania chinesa, perturbou a paz, segurança e ordem das águas em questão e pôs em risco as instalações e trabalhadores nas ilhas chinesas, constituindo por isso uma séria provocação política e militar. A China está extremamente descontente e opõe-se firmemente ao comportamento em questão.”

As condições de vida na ilha Triton são inferiores às da ilha Taiping — que possui água potável e é a base de tropas taiwanesas —e esta situa-se muito longe de Hainão, constituindo o ponto mais a sul das ilhas Paracel. Em alturas de maré alta ou de ventos e ondas fortes torna-se difícil permanecer na ilha, e os soldados do Exército de Libertação Popular que aí ficam com dificuldade são conhecidos como as “sentinelas distantes”. Ainda assim, uma vez que se situa na extremidade sul de dois arquipélagos, a ilha é vista como uma espécie de “Atol Midway” entre Hainão e as ilhas Nansha, com uma posição geográfica extremamente importante e uma área duas vezes superior à de Taiping. Por isso, a China já tinha em 1996 anunciado as linhas de delimitação. Demarcando 12 milhas náuticas de território e 200 milhas náuticas de zona económica exclusiva, a sua soberania é clara. E as repetidas transgressões já não serão recebidas com brandura. Lu Kang referiu que as ilhas Xisha são uma parte intrínseca do território chinês e, de acordo com a lei, existem disposições específicas relativamente à entrada de navios militares estrangeiros nas águas territoriais da China. Lu Kang acrescentou ainda que a China apela fortemente a que os Estados Unidos ponham um fim imediato a este tipo de ações.

Recentemente, a situação no Mar do Sul da China tem vindo a apaziguar-se, e as provocações deliberadas dos Estados Unidos vão contra todos os esforços e desejos dos países da região rumo à estabilidade. 

A mensagem que os Estados Unidos desejam transmitir à China é apenas uma: não importa que o resto do mundo precise de ti, não importa quão próxima seja a nossa relação comercial e económica, nem importa que o resto do mundo ache positiva esta relação entre mim, Trump, e ti, Xi Jinping. Eu é que sou o líder, apareço quando quiser, e não penses que estás ao mesmo nível que eu. 

DAVID Chan 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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