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A crise política no Brasil agrava-se

No último ano, o Brasil vive uma crise política sem precedentes, com o ex-Presidente Lula da Silva condenado, a ex-Presidente Dilma Rousseff destituída e o atual chefe de Estado, Michel Temer, ameaçado por um processo de corrupção.

Na semana passada, Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a uma pena de nove anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e branqueamento de capitais, tornando-se o primeiro ex-Presidente do Brasil condenado pela justiça.
A sentença aconteceu quando os deputados brasileiros se preparam para decidir o destino do atual Presidente, Michel Temer, cujo mandato está pendurado por um fio porque ele também é acusado de ter supostamente recebido subornos da empresa JBS.
O próprio Michel Temer chegou ao poder em 2016, como alternativa perante uma crise política brutal, que culminou com a destituição da ex-Presidente Dilma Rousseff, da qual ele era vice-Presidente.
Segundo analistas, “há algo de amaldiçoado com o gabinete presidencial no Brasil e, para aumentar a natureza surreal da situação política deste país sul-americano, se a sentença de Lula da Silva for confirmada ele não poderá ser candidato nas presidenciais de 2018, eleição em que é o candidato favorito da população”, conforme indicam as últimas sondagens.
“A classe política brasileira está em colapso total. Há uma necessidade de renovação, mas ninguém sabe o que substituir”, disse à agência AFP Everaldo Moraes, cientista político da Universidade de Brasília (UnB).
Os políticos brasileiros “estão todos condenados pela opinião pública”, acrescentou.
A propósito da confusão política, especialistas afirmam que a vitória da justiça e a luta contra a corrupção são aspetos positivos na crise atual do Brasil.
“Há um choque entre as práticas da classe política brasileira e as instituições que têm poderes para investigar e que começam a funcionar de forma diferente”, afirmou Michael Mohallem, professor da Fundação Getulio Vargas (FGV).
A condenação de Lula da Silva, figura emblemática da resistência à ditadura militar, da luta contra a desigualdade e da promoção do Brasil no cenário internacional, causou fortes reações no país.
Dilma Rousseff também levou milhões de brasileiros às ruas em manifestações a favor e contra seu Governo, até à sua destituição.
Agora que está em jogo o destino de Michel Temer, porém, os brasileiros parecem indiferentes e cansados depois de tantos meses de crise.
O Presidente Michel Temer tem um índice de popularidade de 7 por cento e dedica a sua energia a salvar o mandato, deixando a impressão de que ninguém detém a derrocada do país.
“O Brasil está preso no presente. Nós não somos capazes de imaginar um futuro, porque não temos informação suficiente (…) para descobrir o que vai acontecer no médio prazo”, disse Everaldo Moraes, da UnB.
A confusão política brasileira também chegou ao Senado (câmara alta) onde o presidente da casa parlamentar, Eunício Oliveira, protagonizou uma cena surreal.
Impedido por senadoras de partidos da oposição de ocupar seu lugar no dia da votação do projeto de reforma do sistema laboral, ele paralisou a sessão por seis horas e expressou sua contrariedade cortando a luz e o som da sala, facto que não impediu os manifestantes de realizarem um piquenique em sua mesa.

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