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O diálogo sino-americano e a situação na Coreia do Norte

A primeira ronda de diálogos de diplomacia e segurança entre a China e os Estados Unidos teve lugar em Washington no dia 21 de junho. Antes do evento, o secretário de Estado dos Estados Unidos realçou diversas vezes que a questão da Coreia do Norte seria o tema principal do diálogo, e na manhã do dia 21, o Presidente norte-americano Donald Trump publicou nas redes sociais um comentário agradecendo os esforços de Xi Jinping e do Governo chinês na resolução da questão da Coreia do Norte, embora estes esforços não tenham gerado resultados.

Este foi o primeiro diálogo desde a tomada de posse de Trump. O grupo de representantes chineses incluía Yang Jiechi, membro do Conselho de Estado, e o chefe do Departamento Conjunto do Comité Militar Central, Fang Fenghui, enquanto do lado norte-americano estavam o secretário de Estado Rex Tillerson e o secretário da Defesa James Mattis.

O diálogo sino-americano tem vindo a acontecer desde o tempo de George Bush, porém na altura os assuntos discutidos incidiam apenas sobre a economia e a proteção ambiental. Apenas em 2009, com a presidência de Obama, é que se juntaram os assuntos da política e diplomacia, tendo sido realizados 38 diálogos durante o período deste Presidente.

Esta recente sessão de diálogo não incluiu matérias económicas ou comerciais, sobretudo porque Xi Jinping já tinha durante uma reunião em abril proposto o Plano de 100 Dias. O recente plano já fez alguns avanços, tendo a importação de carne de vaca norte-americana sido permitida na China pela primeira vez em 14 anos. Embora a China tenha afirmado que o plano não consiste apenas em concessões do lado chinês, tendo como base o benefício mútuo, os Estados Unidos acreditam já ter ocupado uma posição preferencial.

Nesta ronda de diálogos, Rex Tillerson afirmou que a Coreia do Norte constitui a principal ameaça para os Estados Unidos, e que a China deve intensificar a sua pressão sobre o país caso pretenda prevenir um agravamento das tensões. James Mattis mencionou o incidente de um estudante norte-americano capturado durante uma visita à Coreia do Norte, tendo aí ficado detido durante mais de um ano e falecendo pouco depois de regressar aos Estados Unidos. Mattis realçou que a Coreia do Norte age sem rei nem roque, e Donald Trump, em relação a este incidente, criticou o regime atroz do país. Ainda assim, relativamente a este incidente do jovem Otto Warmbier, o lado norte-americano não teve muito a dizer. As críticas de Donald Trump aparentemente serviram apenas para mostrar aos norte-americanos que o assunto não ficou por mencionar, ou talvez o Presidente não quisesse fazer lembrar o aprisionamento do ditador militar panamense Manuel Noriega nos Estados Unidos durante 26 anos, tendo este também falecido pouco depois de ser libertado.

Com este diálogo de segurança, os Estados Unidos pretendem sobretudo exercer pressão sobre a China, esperando com este pretexto fazer a China colaborar mais com o país na resolução da questão norte-coreana. Depois deste diálogo, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos alegou que a empresa Mingzheng International Trading Limited, de Shenzhen, efetuava lavagem de dinheiro, tendo transferido 1,9 milhões de dólares para a Coreia do Norte. Na realidade, a Mingzheng International Trading Limited em Shenzhen é um órgão do Partido dos Trabalhadores da Coreia em operação no estrangeiro, tendo-se também estabelecido em Hong Kong e Shenyang. É impossível que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos não tenha conhecimento disso.

Esta ação destina-se também a exercer pressão sobre a China. Contudo, ao longo da semana anterior, as notícias sobre as relações dos Estados Unidos e Coreia do Sul com a Coreia do Norte mostraram alguma atenuação das tensões de guerra iminente na península, pois nenhuma das partes deseja um conflito na região. 

DAVID Chan 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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