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A situação da Península Coreana

O problema nuclear da Coreia do Norte agravou-se recentemente, e esta semana os Estados Unidos enviaram os três porta-aviões USS Carl Vinson, USS Nimitz e USS Ronald Reagan para as águas da península, colocando pressão sobre a Coreia do Norte e criando uma situação extremamente tensa na península coreana. Para além disso, altos dirigentes norte-americanos fazem contínuas ameaças e advertem a Coreia do Norte para não realizar mais ações provocadoras, como testes nucleares ou lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais. Nos exercícios militares conjuntos dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, os SEALs da marinha norte-americana realizaram operações de treino especiais incluindo operações de “decapitação” e “precisão cirúrgica”. Contudo, o lado norte-coreano não mostrou qualquer fraqueza, e no dia 5 de abril, antes do encontro Xi-Trump, lançou o míssil guiado de médio alcance Pukkuksong-2, fazendo sentir a sua presença aquando do primeiro encontro dos líderes da China e dos Estados Unidos. No dia 16 de abril o país lançou mais um míssil, mas cinco minutos após o lançamento o míssil explodiu e a operação foi considerada um fracasso. Contudo, isto demonstra que o líder norte-coreano Kim Jong-un não se mostra intimidado com os três porta-aviões dos Estados Unidos ou com o ataque à base aérea do Governo sírio com 59 mísseis Tomahawk, ou até mesmo com o ataque ao Estado Islâmico no Afeganistão, continuando a percorrer o mesmo caminho.

Os Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul estão extremamente revoltados com o comportamento provocador da Coreia do Norte, considerando-o inaceitável, e a comunidade internacional está de olhos postos na Península Coreana, temendo da parte dos Estados Unidos e da Coreia do Norte o início de um conflito com consequências trágicas, algo que não é desejável.

Relativamente à causa da situação atual, os Estados Unidos apontaram várias vezes o facto de a China não ter feito todos os esforços para pressionar a Coreia do Norte, declarando ainda que, se a China não ajudar, os Estados Unidos agirão sozinhos.

Os métodos norte-americanos de lidar com a Coreia do Norte, para além das operações de “decapitação” e “precisão cirúrgica”, incluem o envio de unidades de operações especiais para destruir pontes, ferrovias ou outras instalações, dificultando assim o transporte das armas nucleares ou mísseis balísticos intercontinentais.

Nestes métodos dos Estados Unidos para lidar com a Coreia do Norte e com os seus planos bélicos, uma das precondições é a precisão. O secretário da Defesa do anterior Governo de Obama, citado por um académico, relembrou que antes de um ataque de “precisão cirúrgica” a Kim Jong-un é preciso estar ciente que ele irá certamente retaliar, e apenas se os 25 milhões de habitantes de Seul aceitarem um ataque de artilharia concentrada a 50 quilómetros de distância é que tal operação poderá ser realizada. Caso contrário, mesmo que a Coreia do Norte seja ocupada e seja criado um Estado fantoche norte-americano, e supondo que a China não intervém e fica apenas a assistir, é preciso ainda ter em conta a dimensão dos danos entre os civis sul-coreanos. Para além disso, a Coreia do Norte afirmou que irá retaliar com capacidade nuclear a ataques dos Estados Unidos ou Coreia do Sul, o que se for verdade terá consequências imprevisíveis. Além do mais, mesmo que os Estados Unidos consigam destruir “de um só golpe” o equipamento nuclear da Coreia do Norte, a poluição nuclear libertada irá fazer com que a Península Coreana e regiões vizinhas se tornem locais difíceis de habitar durante pelo menos dez anos.

Os planos de ação dos Estados Unidos em relação à Coreia do Norte muitas vezes não têm em conta o elemento chinês, e, caso o país se aperceba de tal, talvez deva reconsidera-los. Atualmente a China já reuniu na fronteira com a Coreia do Norte grandes forças militares incluindo um corpo de artilharia mobilizado na margem do Rio Yalu, estando já a sua formação bem definida. A China já explicou claramente que para enfrentar a atual situação os Estados Unidos necessitam de ter em mente cinco linhas vermelhas:  1 – É essencial preservar a segurança e estabilidade de todo o nordeste da China; 2 – Relembrar que não podem ocorrer contaminações decorrentes das atividades nucleares da Coreia do Norte; 3 – Relembrar que a Coreia do Norte não pode causar uma situação de grande número de refugiados; 4 – Não pode surgir um regime hostil à China do outro lado do Rio Yalu; 5 – Num ponto claramente direcionado aos Estados Unidos, a China adverte que o exército norte-americano não pode avançar sobre as margens do Rio Yalu.

A mobilização de tropas chinesas no nordeste do país e as linhas vermelhas relativamente à questão nuclear da Coreia do Norte foram vistas como um apoio à Coreia do Norte pelos meios de comunicação estrangeiros, mas poderão estas ser outra coisa que não medidas de prevenção e pressão sobre a Coreia do Norte? Olhando para a recente situação da Península Coreana, os Estados Unidos, China e Coreia do Sul não têm demonstrado interesse em agir, sendo tudo muita parra e pouca uva. Poder trazer a Coreia do Norte de volta à mesa de negociações e reiniciar o Diálogo a Seis é algo que será do interesse de todos, sendo uma boa notícia não só para o Nordeste Asiático mas para todo o mundo.

DAVID Chan 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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