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Japão tenciona enviar porta-aviões para o Mar do Sul da China

O Japão afirmou que irá enviar o porta-aviões Izumo, assim como outros navios, através de uma rota naval que percorre o Mar do Sul da China até ao Oceano Índico. A viagem terá início em maio e o regresso ao Japão apenas se realizará em agosto. As informações vêm no seguimento da visita ao Japão do secretário de Estado dos Estados Unidos Rex Tillerson, e atraíram imediatamente a atenção dos países na periferia do Mar do Sul da China. Hua Chunying, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, afirmou: “Caso se tratem apenas de travessias normais pelo Mar do Sul da China, não temos qualquer objeção, mas caso possuam outros motivos, a questão é diferente.”

As declarações do Japão relativamente ao Izumo deixaram entre o público a impressão de se tratar de uma situação de “raposa aproveitando a intimidação do tigre”. Os esforços do novo presidente Donald Trump não se assemelham aos de Obama com o seu “regresso à Ásia-Pacífico”, e o Japão tomou partido da situação para aumentar a sua influência na região e até mesmo no Mar do Sul da China, pois anteriormente os navios e aeronaves japonesas não podiam ser utilizados para mais do que autodefesa. A última vez que navios japoneses se dirigiram ao Mar do Sul da China foi em operações de manutenção da paz da ONU com os Estados Unidos em locais da Somália afetados pela pirataria.

Na verdade, mesmo antes de o Japão tomar esta iniciativa no Mar do Sul da China, numa altura em que a sociedade internacional tem estado extremamente atenta aos exercícios militares dos Estados Unidos e da Coreia do Sul ao longo dos últimos dois meses e aos seus efeitos na península coreana, as atividades nipo-americanas eram já extremamente frequentes. Os dois países realizaram um exercício militar perto de Guam e outro na costa oeste dos Estados Unidos, e imediatamente a seguir realizaram um exercício militar conjunto de seis dias no Mar da China Oriental denominado de “multi-vela”.

Já no princípio de 2002 o Japão tinha realizado programas de expansão nas ilhas e recifes da periferia sudoeste, expandindo gradualmente os limites das atividades de manutenção de segurança nipo-americanas para o sudoeste do Japão. A expansão chegou até à ilha Shimoji-shima, perto da ilha Miyako-jima, que atualmente já possui uma base militar com uma pista aérea de três quilómetros, e na ilha de Yonaguni perto de Taiwan já foram instalados radares de raios-X e uma guarnição da marinha. Por isso, atualmente, desde Honshu, Shikoku, Kyushu, Hokkaido e das ilhas Ryukyu no Sul até às chamadas “ilhas avançadas”, o grupo de ilhas perto de Taiwan, todas as ilhas japonesas são militarizadas, fortificadas e realizam ainda agora operações militares. Desta forma o país pode projetar o seu poderio militar marítimo.

Para além disso, estes navios de “autodefesa” apenas necessitam de instalar algumas armas avançadas norte-americanas para se tornarem navios de guerra, não se distinguindo de navios militares normais. O mesmo se aplica ao Izumo, que é um porta-aviões capaz de carregar um caça F35.

Se os navios militares dos Estados Unidos e do Japão, cuja intenção original era a de protegerem o uso pacífico e igualitário do Mar do Sul da China para fins comerciais, se tornarem gradualmente em causa para conflito ou até guerra, o perigo que isto representa para os países circundantes é imenso. Se os países da região não conseguirem resolver bem as suas questões naquela zona, então os Estados Unidos e o Japão, estes dois países inquietos, irão aproveitar a oportunidade para intervir nas matérias do Mar do Sul da China. Por isso, o “Código de Conduta no Mar do Sul da China” atualmente em discussão necessita de receber a máxima celeridade.

O comportamento atual do Japão é claramente uma tentativa de semear a discórdia e atiçar as chamas. Contudo, Wang Weiming, o chefe-adjunto da marinha chinesa, também afirmou que, nas áreas da sua responsabilidade, a marinha irá intercetar e perseguir quaisquer intrusos militares, e Wang Huayong, o comissário político da marinha na região oriental, referiu que independentemente de quem se tratar, a marinha não pode ficar indiferente a uma presença inesperada. É por isso evidente que a atitude da China não é instigadora, mas também não é passiva. 

DAVID Chan

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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