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Isto é só o princípio

Não é possível deixar de olhar para 2016 como um ano extraordinário, mesmo que convenha sempre lavarmos os julgamentos mais precipitados num banho de história que nos limpe de alguns superlativos escusados. Mas o que nos deve inquietar mais é que 2016 é só o prólogo para muitos dos assuntos e das figuras que facilmente selecionamos como essenciais do ano que agora findou.
Comecemos com uma nota otimista. António Guterres facilmente pode ser eleito como figura nacional, naquele natural orgulho pátrio que levará muitos a escolher a vitória no Europeu de futebol como acontecimento inolvidável deste ano. Mas a verdade é que aquilo que verdadeiramente interessa, que é a possibilidade de António Guterres vir a ser a figura internacional do ano, só poderá acontecer a partir do primeiro dia de janeiro, quando ele iniciar funções como secretário-geral da ONU.
Pela frente terá um cenário muito adverso, nomeadamente aquele que está criado pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que não se tem cansado de atacar a ONU e a própria ideia de multilateralismo que, desde a II Guerra Mundial, tem presidido às relações internacionais. Escolha unânime de 2016 como figura internacional, só no próximo ano é que saberemos até que ponto o terramoto que ele prenuncia se traduzirá num cenário de destruição para uma série de factos que tínhamos como seguros. NATO, ONU, aquecimento global, migração, refugiados, relações com países amigos, contenção nuclear são só algumas das áreas em que o antigo promotor imobiliário promete não deixar pedra sobre pedra. A esperança de muitos, de que o choque com a realidade ajudará a mitigar algumas das propostas mais radicais, sobreviverá ao próximo ano? Há que ter muitas dúvidas.
E o que dizer do Brexit? Passou meio ano desde que os ingleses votaram pelo regresso em pleno ao Estado-nação, fragilizando uma ideia de construção europeia sem que nós saibamos ainda de que forma será feita essa saída e, muito especialmente, quais serão as suas consequências. Se ao que há de vir somarmos as eleições em França, Alemanha e Holanda, com os nacionalistas bem posicionados nas sondagens, percebemos que estamos num continente de imensos riscos.

David Pontes

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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