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Desejo as melhoras

O drama de saúde do Chefe do Executivo – de caráter degenerativo, segundo fontes cada vez mais credíveis – é hoje muito sensível. Porque dá azo a especulações, cria incerteza e antecipa movimentos de bastidores que tudo paralisam até ao fim do mandato. Mas também é um tema humano, de caráter pessoal e familiar, que provoca sofrimento, dificulta a prática política, mina a força e a vontade. Chui Sai On porta-se bem: não se queixa, não se esconde, minora as teses de antecipação. Elas existem e criam mossa, mas não vingam enquanto a saúde resiste. Seja qual for a opinião sobre a pessoa, o político e o seu mandato, só há um desejo decente: rápidas melhoras.

Chui Sai On fez um primeiro mandato discreto, sem rasgo nem visão estratégica. É um bom homem, dizem nos círculos que lhe são mais próximos. Talvez seja; mas não é esse o ponto. Macau está a sair de um ciclo económico complicado – mal gerido com a lógica de uma falsa austeridade – e a entrar num período complexo e cheio de contradições: é preciso temperar a integração regional e o regresso à Mãe Pátria com a identidade autonómica e o direito à diferença; tem que se diversificar a economia, sem contudo abalar a indústria do jogo, que entra na fase temerária do fim das concessões; é essencial conquistar o projeto lusófono, mesmo sem competências na diplomacia externa; urge pensar numa sociedade de serviços inteligente, trilingue e global, em terra de reduzido calibre educacional e viciada na proteção do emprego residente…

Chui Sai On geriu a sua vez. Foi difícil lá chegar, diz quem sabe da negociação, pois Pequim tem dúvidas sobre as famílias reinantes, razão pela qual se volta a falar num tecnocrata de carreira. Certo é que Chui já não joga o futuro político, não discute a sua própria sucessão, como Edmund Ho ainda fez consigo. Se não mostrou vistas mais largas, mais agora se foca tempo curto. Gere o fim do mandato; como lá chegar; o que fazer depois… Não há energia nem nada de novo, como se prova – mais uma vez – nas Linhas de Ação Governativa. Macau espera pelo novo ciclo. Talvez melhor… Porque este não é grande coisa.

Paulo rego

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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