Será a proteção à criança suficiente?

por Arsenio Reis

Já se passaram dois dias desde o Dia Internacional da Criança, a 1 de junho, mas as atividades não param de surgir. Já no passado domingo, o jornal Va Kio organizou uma festa de celebração do Dia da Criança no Jardim de Lou Lim Ioc que teve a presença de mais de cinco mil pessoas. Graças à ajuda de S. Pedro, o tempo não teve as chuvas torrenciais do dia anterior. As crianças receberam excelentes presentes dos organizadores, e os familiares que as acompanhavam ficaram satisfeitos com a oportunidade de nutrir a relação com as crianças. Houve alegria para todos.

Porém, as atividades de comemoração do Dia da Criança não ficam por aqui. Amanhã à noite no Largo do Senado haverá ainda atuações culturais de crianças de Macau e Zhuhai, organizadas pela Associação Geral de Estudantes Chong Wa de Macau. Embora não muito longe daí, em frente à Igreja de São Domingos, vai acontecer uma vigília com velas recordando os protestos de Tiananmen, acredito que não irá afetar as atuações das crianças de Macau e Zhuhai. Os nossos amigos polícias irão salvaguardar a ordem pública e vigiar atentamente o evento das velas, certificando-se que as iluminações não atingem o palco das atuações ou roubem a luz da ribalta.

A festa no Jardim de Lou Lim Ioc já acontece há 37 anos, enquanto a performance das crianças de Macau e Zhuhai acontece pela primeira vez, mas ambas têm o intuito de celebrar o Dia Internacional da Criança. Contudo, a razão pela qual o dia 1 de junho foi designado com o Dia Internacional da Criança foi para recordar o Massacre de Lídice de 10 de junho de 1942 e todas as crianças que perderam a vida na guerra. Poderão os pais acompanhar as crianças à festa do jardim apenas para cumprir uma obrigação, desvalorizando a relação entre pais e filhos? E poderão os agentes da autoridade redobrar as atenções sobre a vigília com velas apenas para que o espetáculo infantil corra sem imprevistos e sirva como símbolo da felicidade das crianças macaenses?

Felizmente, Macau nunca sofreu as devastações da guerra, e o rápido desenvolvimento económico nos últimos anos permitiu às crianças terem a garantia de cuidados médicos, educação e outros bens essenciais. Para além disso, Macau aderiu à Convenção sobre os Direitos da Criança. Mas será suficiente?

Macau é uma sociedade diversificada com liberdade de informação. O incidente do ano passado, no qual Alan Kurdi, um rapaz sírio de três anos, morreu afogado depois de um barco de refugiados ter afundado quando fugia da guerra civil com a família; a fotografia do seu corpo sem vida na praia turca, tudo são coisas que os cidadãos macaenses puderam saber, puderam ver. Numa escola na China continental houve um terrível incidente de homicídio por parte de um estudante. Nos Estados Unidos, os tiroteios nas escolas são cada vez mais frequentes. Na África, devido à falta de alimentos, as crianças sofrem de desnutrição e enfrentam o risco de morrer à fome. Na índia, para sobreviver, as crianças precisam de procurar comida no meio do lixo. Tudo isto são problemas que afetam os direitos das crianças. Macau está bem ciente disso. Em Macau, até os animais de estimação já tem a sua própria lei que os protege.

David Chan 

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