Àpatrão

por Arsenio Reis

António Costa avisara atempadamente os delinquentes que se fazem transportar de automóvel: andar a pé faz bem à carteira. E às articulações, já agora. Além de que a opção pelos transportes públicos ajuda a cimentar as relações pessoais. Quem não gostar de entabular conversa às sete e meia da manhã com um estranho remelento pode sempre afundar o semblante num livro de autoajuda ou abafar as meninges nuns lustrosos headphones. A austeridade boa cumpriu o prometido e o Governo baixou o imposto sobre os produtos petrolíferos. A circunstância de ter sido uma redução de apenas um cêntimo, depois de a gasolina e o gasóleo terem registado um pulinho de 12, e de ter durado apenas três dias, não deve desviar-nos do essencial. A estrondosa queda de 0,01 euros representou, na verdade, uma experiência-piloto para compreender de que forma reagem os contribuintes às boas notícias. É que, com Passos e Maria Luís, foram anos e anos de pisaduras nas costas. Por isso, não se queixem: o que o Governo nos proporcionou com esta medida expansionista foi um fim de semana prolongado de esbanjamento. De sexta-feira a domingo, encham os depósitos até verter para os sapatos. Deem umas voltinhas, não vão para muito longe, e guardem o carro antes de segunda–feira. É que os combustíveis vão voltar a subir. Quanto? Um cêntimo. Digam lá se não foi um fim de semana à patrão!

Pedro Ivo Carvalho 

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