Os mercados financeiros entraram em pânico quando a Reuters citou um think thank chinês a prever 10% de desvalorização do yuan. Neste caso, por mercados financeiros leia-se especuladores que compraram yuens ou investiram em assets valorizados namoeda chinesa.
O economista-chefe da autoridade monetária da China, Ma Jun, acalmou entretanto os ditos mercados, explicando que a trajetória do yuan será mista – ora de valorização, ora de desvalorização – tendo o banco central a missão de corrigir a excessiva volatilidade da taxa de câmbio. Ou seja, a China multiplica esforços para garantir que não está interessada numa guerra cambial, embora deixe muito nervosos os líderes ocidentais quando sublinha que, ainda assim, o banco central intervirá sempre que entender e achar necessário. Não é essa a cultura dos mercados, que demonizam quem quer que mexa, seja onde for, excepto especuladores que controlam perdas e ganhos, aos biliões, à velocidade de um clic.
É certo que a dita oscilação não é casual. Aliás, verifica-se mais no sentido da queda, com ligeiras correções que não repõem o padrão original. Na semana passada, o yuan mergulhou a fundo, como nunca nas duas últimas décadas, depreciando 4,5%. Estando a economia chinesa a arrefecer, esse ajuste é musculada e suporta as exportações, potenciando a descida dos preços para quem compra em dólares ou em euros.
O debate é político, não é moral. Certamente é racional uma potência exportadora potenciar o PIB com desvalorização da moeda. Aliás, a China não assina tratados nem ensaia acordos que retirem uma das grandes armas da soberania: emitir moeda e controla o seu valor. Contudo, quer internacionalizar o yuan e sentar-se à mesa dos grandes consensos globais. Nesse contexto, já não pode jogar sem ser com regras combinadas. E aquela que prevalece é a do chamado mercado livre. Tão livre, que todos se sentem presos às sacrossantas regras do mercado… Com ligeiros ajustes
Paulo Rego
21 DE AGOSTO 2015