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Luís Andrade de Sá – QUARENTA ANOS (PARTE II)

No domingo passaram 40 anos sobre a queda de Phnhom Penh, a capital do Camboja, às mãos do Khmer Rouge. Não foi uma conquista cinematográfica, como, semanas depois , a de Saigão, pelos vietcong, mas hoje sabemos o que significou a entrada na cidade dos adolescentes fardados de preto com o lenço khmer ao pescoço.
os estrangeiros, na maioria, partiram, abandonando, voluntariamente ou não, os cambojanos à sua sorte. À morte. Esta semana, recordando a retirada, Denis O’Gray, da AP, descreveu como foi evacuado pelos americanos “deixando para trás mais de uma dúzia de jornalistas e fotógrafos cambojanos – entre o melhores que eu conheci e que morreriam quase todos”.
É este também o contexto, real, do filme de referência sobre o Camboja (The Killing Fields, 1984): o jornalista do The New York Times Sydney Schanberg cobre a rfetirada. Com ele, está o cambojano Dith Pran, que, depois, acabará por permanecer no Camboja, por não ter os benefícios de um estrangeiro, e passará o seu calvário nos campos da morte. Dith vai sobreviver e fará a sua reconciliação com o jornalista americano, mas o mesmo não acontece com o foógrafo americano AL Rockoff, a trabalhar à peça para a Newswek, Numa entrevista ao Taipei Times acusou Schanberg de ter tentado que o pusessem fora da segurança da embaixada francesa.
Em 1984, quando este filme se estreou, e ganhou tês oscares, os Khmers Rouge ainda representavam o Camboja na ONU, apesar de escondidos na selva, depois de derrubados do poder, em 1979, por uma intervenção vietnamita. A Guerra Fria assim o exigia, e os EUA apoiavam sem problemas os aliados dos chineses que eram inimigos da URSS. O genocídio bem podia esperar, e isto tanto vale para os EUA (e para a China) como para um dos seus maiores críticos, o linguista e filósofo Noam Chomsky, que nos anos 1970, foi um sonoro negacionista dos massacres no Camboja. Há povos que não têm sorte nenhuma.

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