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PARA QUE SERVEM OS MUSEUS?

A pergunta para que servem os museus pode parecer irrelevante. Afinal todos sabemos que um museu é um equipamento, de natureza cultural que apresenta colecções de objetos. Colecções consideradas relevantes e que devem ser preservadas e visitadas. Implica um espaço seguro e vigiado. Normalmente apresenta uma narrativa para aqueles que o visitam. Será isso para que serve um museu?
O que esperamos encontrar quanto entramos num museu?
A maioria das pessoas quando entra num museu espera encontrar uma colecção e uma história. A maioria também diz que em muitos casos se sentem intimidades com a solenidade do espaço. Não se pode falar alto. Em regra não se pode tocar em nada. Mutos dizem que é um espaço que não tem vida. Há sempre um desejo grande de o visitar rapidamente, para sair para a rua. Parece a muitos que os museus são espaços parados no tempo e muitos perguntam onde é que está a vida do quotidiano.
O que é que então acontece quando estamos no museu?
Um museu apresenta uma narrativa sobre um assunto. Uma história contada pelos objetos colocados em vitrinas, rotulados com etiquetas com informação sobre a autoria, o ano de criação, o material e a técnica usada.
O que é que significa a história num museu. Encontramos normalmente dois tipos de propostas nos museus do nosso tempo. Os museus clássicos, apresentam uma narrativa, construída por um curador, apoiada em objetos apresentados segundo uma ordem, cronológica, por afinidade ou estética. São museus que partem dos objetos que estão dentro e que procuram captar a atenção dos visitantes.
Nos museus participados são os interrogam o mundo onde se inserem. Um museu tem uma determinada função social. Servem a sociedade. Os seus objetivos e valores fundamentais. Nestes museus a preocupação do curador é responder ao pulsar do mundo com os recursos disponíveis. A construção da narrativa é feita em colaboração com a comunidade que participa na escolha dos objetos que decide guardar e conservar. São espaços inclusivos que procuram o que é que a comunidade quer aprender. São espaços de interrogação.
Para fazer este tipo de museus é necessário abrir as portas. Sair para o espaço envolvente e procurar o que é relevante. Saber o que as pessoas querem como representação da sua memória e propor que essas pessoas usem o espaço do museu para criarem atividades relacionadas com os seus patrimónios. São museus que procuram respostas para o pulsar do mundo. São lugares de encontro e descoberta de novos objetos para musealizar. Procuram compreender o território e a cidade como espaço de cidadania. São promotores a ação na comunidade.
A curadoria participativa não é um trabalho fácil. A memória é um campo de confronto social. Em qualquer comunidade há diferentes memórias em disputa. Como espaço de encontro, o museu é uma oportunidade para reconhecer a diversidade e promover a inclusão do outro e da diferença.
O que é que deve suceder quando saímos dum museu?
No final temos de ter consciência do que sucedeu. Um museu serve para facilitar o modo como olhamos para o mundo, para os outros e para nós mesmos. O sentido dos museus inovadores e propiciar uma consciência sobre o património que encontramos e como podemos usar isso para fazer coisas novas. O património não é o que se tem mas o que se pode fazer com ele. Serve para podermos viver melhor e mais felizes.
Os museus são espaços vivos e de inovação. São laboratórios onde podemos experimentar combinação de ideias. É através do encontro que se produz transformação.

Pedro Pereira Leite
Centro de Estudos Sociais Universidade de Coimbra

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