‘A Impossibilidade Poética de Conter o Infinito’ é o mais recente trabalho do artista macaense Edgar Martins, realizado ao longo de 2012 e 2013 nas várias instalações da European Space Agency (ESA), em nove países de três continentes.
Este trabalho singular é o resultado de uma situação inédita: pela primeira vez, a agência espacial abriu portas a um olhar externo, investindo na relação com o grande público através da mediação artística.
Nos últimos dois anos, o artista viajou por todo o mundo, desde o Reino Unido, Holanda, França, Alemanha, Espanha, Rússia, Cazaquistão e Guiana Francesa para fotografar instalações classificadas como centros de teste e robótica, departamentos onde se localizam simuladores espaciais, laboratórios, plataformas e centros de treino de astronautas e salas de montagem de satélites.
As fotografias foram captadas com exposições bastante longas, a composição limpa e a nitidez híperrealista das imagens contraste com o véu de segredo e enigma que geralmente encobre atividade relacionada com o espaço.
Embora raramente acessível ao olhar público, a tecnologia e as instalações que Edgar Martins fixa no seu trabalho artístico ‘A Impossibilidade poética de conter o infinito’ surgem-nos como estranhamente familiares, facto que denota a influência e a importância do tema na sociedade e na formação da nossa compreensão sobre a exploração espacial.
Ao procurar entender melhor a relação entre tempo, espaço e matéria, Edgar Martins contribui para o questionamento sobre as políticas de exploração espacial, o papel crescente da ciência e da tecnologia na nossa sociedade e sobre a nossa relação com o desconhecido, tocando assim em questões mais amplas em torno de epistemologia, metafísica e, finalmente, sobre a concepção que a humanidade constrói de si mesma
O levantamento rigoroso realizado por Edgar Martins revela a escala do empreendimento, talvez o maior registo desta natureza levado a efeito na actualidade: são mais de 80 fotografias que registam desde o macro-foguete, satélites, módulos de formação a micro-componentes pouco visíveis ao olhar humano.
A sua abordagem é tanto descritiva como especulativa. Situando-se o seu trabalho algures entre o facto e a ficção, é nesse lugar de ambiguidade que as suas fotografias assumem o seu significado pleno.
Patente anteriormente na Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal, a exposição ganha agora em Coimbra uma nova dimensão: apresenta, pela primeira vez associados às imagens de Edgar Martins, um conjunto de instrumentos científicos da ESA que integraram algumas das mais importantes missões ao Espaço, como sejam a missão Rosetta, Phobos, Corot. Com a curadoria de Catarina Pires a mostra contará ainda com objectos pessoais do artista e do astronauta sénior Jean François Clervoy ( objectos que estiveram presentes em várias missões ao Espaço).
Sensível à importância do trabalho artístico de Edgar Martins, a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra associou-se a este projecto desde o momento da sua criação e produção. Em parceria com a Câmara Municipal de Coimbra mostram a exposição em Coimbra onde ficará patente até dia 3 de Janeiro de 2015, na sala da cidade.
Jorge Simões