Documentário de jornalista do Plataforma Macau, que retrata impacto do acidente nuclear de Fukushima, estreia para a semana na capital iraniana.
O documentário “Império Nuclear” da jornalista portuguesa Patrícia Neves vai representar Macau no Festival Internacional de Cinema Documental do Irão – “Cinema Vérité”, que decorre entre os dias 30 de novembro e 7 de dezembro em Teerão.
O filme, com estreia mundial marcada para o segundo dia do festival, foi selecionado entre 350 candidaturas e surge ao lado de “Cutie and the Boxer”, obra nomeada para a categoria de Melhor Documentário (longa-metragem) nos Óscares de 2013.
“Fiquei satisfeita e até surpreendida, tendo em conta que o Irão tem estado no centro das atenções e de uma polémica precisamente pelo seu programa nuclear”, diz Patrícia Neves, que estará presente neste festival, onde espera “procurar perceber no terreno qual a visão do povo iraniano em relação ao nuclear e à polémica em que o país tem estado envolvido, além da perspetiva oficial que nos chega diariamente pela imprensa internacional”.
O documentário, com duração de uma hora, tem imagem de Carolina Rodrigues, que acompanhou a jornalista nesta viagem de norte a sul do Japão entre maio e junho de 2012, um ano após o desastre nuclear em Fukushima. A obra dá voz a vítimas do primeiro acidente nuclear do século XXI e estabelece um paralelismo entre o acidente nuclear de Fukushima e o bombardeamento atómico de Hiroxima, procurando perceber por que razão o único país do mundo a ser alvo de bombardeamentos atómicos se transformou na terceira nação com um maior número de reatores nucleares, depois dos Estados Unidos e França.
“São excertos de entrevistas que revelam como este triplo desastre – terramoto, tsunami e acidente nuclear – que foi único no mundo, criou uma crise de confiança que atinge as instituições japonesas e fez regressar fantasmas do passado, como o medo de eventuais efeitos genéticos derivados da exposição”, nota.
As entrevistas realizadas pela jornalista deram também origem a um livro com o mesmo título, que foi lançado em abril deste ano. O projeto contou com o apoio da Fundação Macau e do Instituto Cultural.
C.D.