MBS FOI MESMO RAPTADO?

por Arsenio Reis

 

O desaparecimento do empresário Momad Bachir Sulemane, vulgo MBS, acusado de narcotráfico pelos EUA e habitual financiador da Frelimo, foi rapto, prisão ou ajuste de contas? Dúvidas que persistem na opinião pública moçambicana

 

A primeira leitura popular sobre o desaparecimento, no dia 12 de novembro, do empresário moçambicano Momad Bachir Sulemane, vulgo MBS, foi a de ele havia sido raptado por criminosos à solta que, dias depois, exigiriam à família um resgate para a sua soltura. Semana e meia depois, a família ainda não foi contactada pelos “raptores” e a Polícia moçambicana não tem pistas sobre o paradeiro de Bachir.

No quadro do modus operandis que carateriza a indústria do rapto em Moçambique, que cresceu violentamente nos últimos três anos, os raptores já teriam feito um tal contato (por regra, fazem-no até 48 horas depois). Como isso ainda não aconteceu, adensam suspeitas de que MBS possa ter sido vítima de um outro tipo de operação.

A edição online do Mumbai Mirror, editado na Indía, carrega uma reportagem, onde o nome de MBS vem referido como tendo encomendando o assassinato de Vivek Goswami, alegadamente um arquirrival seu no mundo do tráfico de droga. Goswami foi detido na semana passada pela Polícia queniana, juntamente com sua mulher Mamta Kulkami, uma antiga estrela da Bollywood, numa operação que envolveu elementos da agência de combate à droga dos Estados Unidos, a Drug Enforcement Agency (DEA).

Goswami é um conhecido barão da droga que cumpriu 15 anos de prisão no Dubai por tráfico de mandrax para aquele país. Foi libertado após cumprir metade da pena. Para além de Goswami, foram também presos um queniano e um paquistanês. O jornal queniano que fez a grande relevação na semana passada indicava que a detenção dos três traficantes mais a mulher de Vivek foi possível graças a uma denúncia feita à polícia queniana por Dawood Ibrahim, chefão de um grande sindicato da droga denominado pela INTERPOL assim mesmo: Sindicato Dawood Ibrahim.

O Mumbai Mirror escreve que Vivek Goswami é uma pessoa chegada a um outro traficante de nome Chota Rajan, rival de Dawood Ibrahim. E aponta-se que o grupo detido era rival “de um outro barão da droga africano, de nome Momade Bachi Suleman, conhecido popularmente por MBS”.

A imprensa queniana levantou uma suspeita sobre as razões que levaram Dawood a denunciar o grupo:”Dawood e MBS fizeram um plano para se livrarem dos seus rivais e por isso forneceram detalhes à polícia queniana, que atuou juntamente com o DEA. As detenções no Quénia ocorreram dias antes do desaparecimento de MBS em Maputo. Esta semna, a Voz da América estabelecia uma ligação entre o desaparecimento de MBS e as detenções no Quénia. Mas não parece crível.

Mesmo depois de a Casa Branca ter colocado o empresário numa lista de barões de droga, para as autoridades moçambicanas Bashir foi sempre um homem “limpo e íntegro” tanto mais que em setembro último ele sentou-se na mesa de honra do agora presidente-eleito Filipe Nyusi, num jantar de angariação de fundos do Partido Frelimo. Estão, no entanto, a circular leituras segundo as quais, por causa de uma profunda descrença nas autoridades moçambicanas e porque MBS continua a gozar da proteção ao mais alto nível da Frelimo, operativos americanos teriam detido o empresário sem um aval da Policia local.

A 2 de Junho de 2010, os Estados Unidos, colocaram o empresário moçambicano na lista de barões da droga afirmando que ele liderava uma bem financiada rede de tráfico de drogas e de lavagem de dinheiro em Moçambique. Com as detenções no Quénia e em face do alegado papel de MBS na denúncia da rede desmantelada começa também a circular a alegação de que o empresário tenha sido vítima de um ajuste de contas. O caso ainda vai fazer correr muita tinta.

 

Marcelo Mosse, Savana/Moçambique

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