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O MEDO RONDA AS RAPARIGAS DE WANCHAI

 

Após os brutais assassinatos de duas indonésias por um banqueiro britânico baseado em Hong Kong, as raparigas dos bares de Wanchai confessam temer pela sua segurança mas, business as usual, pouco mais lhe resta do que prosseguirem nas suas atividades que lhes garantem o sustento.

O duplo homicídio ocorreu num edifício residencial de luxo em Wanchai, a poucos metros dos bares que, desde a guerra do Vietname, dão a fama boémia e de “red district” aquela zona. Por ali, contingentes de filipinas, tailandesas,vietnamitas chinesas e indonésias calcorreiam os bares, sem serem importunadas pela polícia e num ambiente de grande segurança. A prostituição individual não é considerada crime em Hong Kong, uma das mais seguras cidades do mundo, com um registo de 14 assassinatos em 2013, o mais baixo da Ásia.

A maioria das mulheres que enchem os bares de Wanchai chegou à cidade para um emprego como empregada doméstica mas posteriores despedimentos ou o desejo de ganhar mais dinheiro fizeram-nas mudar de vida. Nos bares, onde não praticam sexo mas estimulam os clientes a consumirem, assinam contratos de seis meses e vivem amontoadas em exíguos apartamentos.

“Não posso ter medo, tenho que trabalhar, preciso de enviar dinheiro para a minha família”, disse Maria, filipina, citada pela AFP. Outra filipina, Cherry, admitiu que “aquilo (os crimes) podia ter acontecido a qualquer uma das raparigas” mas que não lhe resta alternativa a continuar a trabalhar, por ser o único sustento da sua família.

Aos poucos, Wanchai renovou-se e é hoje um dos bairros ‘trendy’ de Hong Kong, com restaurantes com ementas assinadas por chefes internacionais, hotéis de luxo e clubes ricamente decorados e com vista para Kowloon. Mas os velhos bares permanecerem e continuam a atrair uma comunidade expatriada específica: jovens altos quadros de multinacionais, endinheirados e aborrecidos no seu “exílio”.

Em declarações à CNN, sob anonimato, um desses banqueiros congratulou-se por ter abandonado Hong Kong, pois a vida que levava em Wanchai – álcool, droga e prostitutas – ter-lhe ia causado a “morte precoce”.

O tablóide britânico The Star, acusou o alegado assassino das duas raparigas indonésias, Rurik Jutting, de se ter transformado num “zombie” devido ao exagerado consumo de drogas e de sexo. Mas esta acusação foi apenas baseada na interpretação do estado das suas pupilas, “dilatadas”, por um antigo investigador britânico que, admitiu, frequenta os mesmos bares de Wanchai.

 

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