Wazir Aly * – OS CROCODILOS DO RIO MULAUZE

por Arsenio Reis

 

Já lá vão mais de dois anos que surgiram no Bairro 25 de Junho, dois crocodilos, em momentos diferentes, salvo erro, em anos diferentes também.

Como o fenómeno deu-se em época de chuvas, dizia-se, porque assim se julgava, que se tinham perdido ou foram arrastados pelas águas saindo provavelmente do Nkomati. O que não sabia, quem assim pensava ou dizia, era que aqui mesmo na cidade de Maputo, na zona conhecida por S. Roque, a cem metros do Rio Mulauze, se encontra uma criação de crocodilos em cativeiro, e que inclusive os agricultores do vale daquele rio que têm as machambas nas proximidades desse criador de crocodilos se vinham assustando com algo estranho que ouviam mexer-se na folhagem e, por saberem da existência dessa criação de crocodilos, receavam que algum tivesse escapado da abertura que o criador dos mesmos fez na parte inferior da cerca do seu quintal, para escoar as águas da lavagem das pocilgas com que alimenta esses sáurios e provavelmente ganha outro.

E alguns desses agricultores desconheciam o surgimento de crocodilos em quintais de habitação do Bair- ro 25 de Junho, pois são pessoas que não leem jornais, pois, se os lessem, tivessem conhecimento dessa ocorrência e forma de dizer e transmitir a verdade sobre o assunto, teriam desbaratado de imediato ou em pouco tempo a teoria de que os crocodilos surgidos no Bairro 25 de Junho se tinham perdido ou foram arrastados pelas águas saindo provavelmente do Nkomati. É a segurança das pessoas não só das proximidades dessa criação de crocodilos, mas de todos os que se encontram a jusante daquele rio. Não foi por acaso que os mesmos foram aparecer no Bairro 25 de Junho e não nos bairros mais a norte da criação de crocodilos. É a segurança dos cidadãos da cidade de Maputo que, por coincidência, são todos os munícipes. Portanto, não se coloca aqui na cidade de Maputo a questão de separação entre área municipal e área do distrito como acontece nos distritos rurais. Quem tem a segurança ameaçada são os munícipes/ cidadãos, que têm um governo tal como o têm as províncias, não é o Conselho Municipal. Podia dar-se o caso de o Conselho Municipal tomar primeiro conhecimento do assunto e pedir auxílio ou mesmo consultar a Direcção da Agricultura da Cidade antes de agir, para corrigir uma situação que para além de ser irregular em termos ambientais é uma ameaça à segurança dos munícipes. Nada estaria errado se assim fosse. Ora, será necessário que a “Ministra da Agricultura da Cidade”, ou seja a directora da Agricultura, que tutela esta área que está aqui em causa, receba um pedido do Conselho Municipal para intervir ou resolver uma situação de que já tem conhecimento, pertence-lhe e onde tem autoridade? Se há ainda alguma dúvida sobre a origem dos crocodilos que apareceram no Bairro 25 de Junho, dúvidas não há de que a criação de crocodilos, mesmo em cativeiro, se deve fazer nas proximidades do seu habitat e não no habitat dos seres humanos.

 

 Savana, Moçambique

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