UM PIONEIRA NA TRADUÇÃO AUTOMÁTICA CHINÊS-PORTUGUÊS

por Arsenio Reis

 

A Universidade de Macau criou há 18 anos aquela que alegadamente foi a primeira ferramenta do mundo de tradução automática chinês-português. Uma nova versão começa a ser testada no fim do ano e estará disponível na Internet para os tradutores.

 

Ainda antes da transferência do exercício de soberania de Macau para a China, em 1996, a Universidade de Macau lançou um projeto para o desenvolvimento de um Sistema de Pronunciação e Tradução Português-Chinês (PCT, na sigla inglesa), que, segundo Derek Wong Fai, líder da investigação, terá sido o primeiro do género no mundo.

“Em Macau o chinês e o português são línguas oficiais e havia a necessidade de traduções entre estas duas línguas, por isso procurámos fazer uso da tradução automática para tal”, explicou o responsável ao Plataforma Macau, salientando que esta terá sido a “primeira ferramenta do mundo para tradução automática chinês-português”.

De acordo com Derek Wong Fai, este projeto de investigação chegou a contar com uma equipa multidisciplinar de 20 pessoas, mas hoje tem cerca de dez a trabalhar no seu desenvolvimento, entre as quais alunos, e envolveu já um investimento de “alguns milhões de patacas”.

“Investimos muito esforço na pesquisa e estudo de tecnologias, em particular no chinês e português, e começámos por criar um dicionário bilingue, no qual integrámos a pronunciação em cantonense, mandarim e português de palavras”, disse. Quando se pesquisava uma palavra no dicionário era então possível ouvir também a forma como ela deveria ser pronunciada nessas três línguas.

O projeto avançou depois para a tradução de frases e centra-se hoje na tradução automática para facilitar o trabalho do tradutor. “Não pretendemos com esta investigação substituir os tradutores, mas fornecer-lhes ferramentas para melhorarem o seu trabalho e torná-lo mais eficiente”, sublinhou o académico.

Enquanto as versões antigas deste sistema tinham de ser instaladas pelos tradutores nos seus computadores, a nova versão (UM CAT), que está a ser ultimada, estará disponível na Internet, bastando “ter uma conta e fazer o login para se usar as ferramentas de tradução assistida por computador”.

“O sistema que oferecemos disponibiliza uma tradução automática preliminar para que o tradutor possa melhorá-la. O sistema tem de ser fácil de usar, para que o tradutor possa integrar facilmente estas ferramentas no seu trabalho normal, este é o nosso objetivo”, indicou o professor Wong Fai.

A nova versão, que vai substituir a atual, lançada em 2007/2008, e incluirá também a língua inglesa e um dicionário com cerca de 50 mil entradas, permitirá aos tradutores “partilhar conhecimento, por exemplo, de terminologia, com o público e amigos”. O responsável pelo projeto realçou que “a ideia é facilitar o trabalho do tradutor, nomeadamente com contribuições de outras pessoas”.

 

POUCOS UTILIZADORES

O sistema de tradução automática chinês-português da Universidade de Macau, que é um serviço pago, conta atualmente com cerca de 700 utilizadores registados entre tradutores do Governo, de escritórios de advogados e alunos.

“Estas ferramentas não têm muito sucesso em Macau em termos do número de utilizadores, tendo especialmente em conta o que investimos neste projeto, mas comparando com o investimento feito em ferramentas de tradução, por exemplo, pela Google, claro que não é suficiente”, constatou Derek Wong Fai.

Ao referir que este tipo de ferramentas de tradução “é muito utilizado” noutras partes do mundo, o investigador dá o exemplo de Hong Kong, “onde há mestrados sobre utilização de tecnologias de informação na tradução”, para salientar que em Macau, pelo contrário, “não há muita gente a usá-las”.

“O trabalho de tradução mudou, já não se escreve à mão e Macau está ainda a começar” a dar os primeiros passos no campo das novas tecnologias, disse.

Para promover a sua utilização, a Universidade de Macau planeia disponibilizar gratuitamente a nova versão do seu sistema de tradução automática, que começará a ser testada por tradutores no fim do ano. O objetivo, concluiu Derek Wong Fai “é facilitar o trabalho dos tradutores, porque em Macau têm muito trabalho, mas não usam muito ferramentas tecnológicas para melhorar a eficiência do mesmo”.

 

Patrícia Neves

 

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