CHINA QUER PROMOVER COOPERAÇÃO COM UNIVERSIDADES LUSÓFONAS

por Arsenio Reis

 

Uma cooperação entre instituições de ensino superior chinesas e lusófonas deve ser estabelecida para a promoção conjunta do português na China e do chinês na lusofonia, defende o vice-director do Departamento de Português da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim, Ye Zhiliang.

 

A cooperação entre universidades dos países de língua portuguesa e da China deve ser desenvolvida em prol da promoção do português no país mais populoso do mundo e do chinês no espaço lusófono, afirmou o vice-director do Departamento de Português da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim, Ye Zhiliang, à margem do Encontro da Associação das Universidades de Língua Portuguesa, que teve lugar em Macau na semana passada.

“Podemos desenvolver mais projetos no sentido de trocar professores, estudantes e experiências de ensino, como também colaborar em projetos de investigação”, disse o académico.

Ao mesmo tempo, acrescentou, a cooperação poderia ser desenvolvida “sob a forma de criação em conjunto dos Institutos Confúcio”. “Poderemos ajudar aos trabalhos de ensino de chinês nos países lusófonos e estes poderiam ajudar-nos” nos trabalhos de ensino do português, sublinhou.

Ye Zhiliang constatou dificuldades no ensino do português na China. “Da parte de Portugal parece que só vêm três leitores oficiais. Agora do Brasil parece que só um e muitas universidades precisam de contratar por elas os professores nativos de língua portuguesa e isto é muito difícil, porque não os conhecemos e eles também não nos conhecem”.

O vice-director do Departamento de Português da Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim disse esperar que os governos português e brasileiro “possam trabalhar um pouco mais neste sentido” ao referir que a qualidade do ensino do português na China “está a melhorar”, nomeadamente com o empenho das universidades e dos próprios professores. “Os professores ainda são jovens e precisam de uma maior formação”, constatou o académico.

Macau, disse, “está a dar um bom contributo” para o desenvolvimento do ensino do português na China, mas Ye Zhiliang considera que poderá fazer mais no âmbito da formação de professores de português.

O interesse pela aprendizagem do português na China “é ainda relativamente grande”, segundo este responsável, que constata que os alunos chineses querem aprender português com o “objetivo final de arranjar um bom emprego”, designadamente em empresas chinesas nos países lusófonos. “Com o português é relativamente fácil arranjar um emprego em empresas chinesas nos países lusófonos, porque ainda não há muitas empresas lusófonas a atuar no mercado chinês e porque as empresas brasileiras e portuguesas parece que não precisam de muitos tradutores chineses, talvez tenham os seus próprios quadros”, disse.

Na China continental, 20 universidades têm programas de licenciatura em estudos portugueses. Só na Universidade de Línguas Estrangeiras de Pequim há cerca de 100 estudantes a aprender português.

No entanto, Ye Zhiliang prevê que o interesse pela aprendizagem do português na segunda economia mundial “pode abrandar um pouco”. “Neste momento, o português e o espanhol são duas línguas muito procuradas na China, porque as relações bilaterais influenciam muito o ensino de línguas”, concluiu o académico.

 

Patrícia Neves

 

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