ALKATIRI NÃO CONFIRMA CASINO EM OECUSSI

por Arsenio Reis

 

O presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi, Mari Alkatiri, escusou-se a confirmar a abertura de casinos no enclave timorense, mas admitiu que as sals de jogo são uma “fonte de receita importante”, cujo destino tem de ser bem gerido.

“Acho que as pessoas não estão a entender. Se vier a haver, é uma fonte de receita que é importante, mas que é preciso depois saber gerir e definir o destino dessa receita”, afirmou Mari Alkatiri, citado pela Lusa.

Para o antigo primeiro-ministro timorense, o dinheiro do petróleo quase afundou o país e, por isso, recusa levar o dinheiro dos casinos para afundar Timor-Leste. “Isso, eu não quero. Vou fazer com cuidado para que qualquer nova receita que venha de uma forma muito fácil seja gerida como um crédito que está a ser dado à sociedade, à comunidade, para usar para desenvolver a sua capacidade criativa e melhorar a sua qualidade de vida”, explicou.

Além de presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi, Mari Alkatiri lidera também o projeto-piloto da Zona Especial de Economia Social de Mercado, que pretende incentivar o desenvolvimento regional integrado, através da criação de zonas estratégicas nacionais atrativas para investidores nacionais e estrangeiros.

“Costumo dizer que tenho medo quando as coisas começam a aparecer ao mesmo tempo e com um volume tão grande. Este é o meu estilo, primeiro crio as instituições para gerir os interesses como eu quero e enquanto não tenho as instituições eu tenho medo”, disse, acrescentando que quer “acelerar os passos”, porque é preciso criar as instituições para fazer a gestão do investimento privado.

“Quando me dizem que vêm investir 200 milhões eu tenho de saber que estão mesmo a investir 200 milhões, porque na base desses 200 milhões é que eles vão comprar os retornos. Eu tenho de ter capacidade para perceber se estão mesmo a investir 200 milhões e agora não tenho capacidade institucional para isso”, explicou.

Sobre a reação das comunidades locais ao projeto de desenvolvimento, o antigo primeiro-ministro disse que é preciso explicar às pessoas o que é e em que é que podem beneficiar.

“Naturalmente, umas pessoas tão simples, que vivem do dia-a-dia, daquilo que conseguem produzir sentem-se inseguras, mas também são elas que mais facilmente entendem quando se começa a explicar as nossas políticas e isso traz benefícios, porque eles também querem sair deste tipo de vida”, disse.

No que respeita ao despejo de pessoas de alguns locais devido à construção e alargamento de estradas e do futuro aeroporto, o presidente da Autoridade da Região Administrativa Especial de Oecússi garantiu que ninguém vai ficar sem casa.

“Terra não falta aqui para construir casas. Agora ou se quer mudar realmente a qualidade de vida ou não se quer mudar. Isso depende da liderança política, de quem governa, é preciso saber explicar às pessoas que isto vai elevar a qualidade de vida deles”, insistiu.

Segundo Mari Alkatiri, já estão a ser identificados novos locais para serem construídos bairros mistos (urbanos e rurais) para que as “pessoas possam continuar ligadas àquilo que estão habituadas a fazer”, a agricultura de subsistência.

“Esta é a política que vai ser. Aumentar a qualidade de vida, mas manter as pessoas dentro do seu equilíbrio com a natureza”, esclareceu.

Na entrevista, Mari Alkatiri explicou também que estão previstas obras de ampliação do hospital local para se tornar num estabelecimento médio de “referência nacional” e uma nova central elétrica com capacidade de 20 megawatts.

“As pessoas que vêm investir também querem ter uma certa garantia que têm um sistema de saúde capaz de dar assistência nos primeiros momentos e um sistema de transporte que os possa retirar se for necessário”, referiu.

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