ESCÓCIA, BRASIL E MOÇAMBIQUE EM TEMPO DE MUDANÇA

por Arsenio Reis

 

Em pouco mais de um mês, e a começar já na próxima semana, os eleitores de Escócia, Brasil e Moçambique vão ser chamados a tomarem decisões da maior importância sobre o seu futuro. Na Escócia, está em causa a permanência no Reino Unido, enquanto nos dois países lusófonos, Brasil e Moçambique, as eleições podem significar novas governações, de corte com o passado.

 

O que parecia uma certeza – a reeleição de Dilma Rousseff no Brasil e a habitual vitória eleitoral da Frelimo em Moçambique – transformou-se nos últimos tempos numa grande incógnita que poderá resultar no fim de 15 anos de governo PT em Brasília e de quase 45 anos de governação do histórico movimento de libertação em Maputo.

No Brasil, a inesperada morte do candidato do PSB, Eduardo Campos, relançou a figura de Marina da Silva – ex-dirigente do PT, ex-ministra do Ambiente e ex-candidata presidencial – que disputa o mesmo espaço político de Dilma Rousseff, a atual Presidente. Em resultado, Marina tornou-se no alvo a abater, quer pela candidatura do PT, quer pelos apoiantes do candidato do PSDB, Aécio Neves, este a ver mais longe a eventualidade de participar numa segunda volta.

A substituta de Eduardo Campos foi praticamente acusada de tudo – de estar ao serviço do FMI e de ter uma agenda evangélica, de não ter competência para mandar no Planalto e de maquiavelismo.

Mas nos últimos dias, revelações de um antigo diretor da Petrobras, de envolvimento de dezenas de políticos num esquema de favores praticados pelo gigante braseiro dos petróleos, vieram alterar o rumo da campanha eleitoral para as presidenciais de 5 de outubro.

Entre os nomes citados está o de Eduardo Campos, cuja morte, num desastre aéreo, em plena campanha eleitoral, veio tornar Marina da Silva, que era a número dois do ex-governador de Pernambuco, na candidata do PSB ao Planalto. Agora, ela volta a estar na berlinda, pelo alegado envolvimento de Campos no esquema relatado na última edição da revista Veja.

 

MOÇAMBIQUE, CORRIDA A TRÊS

Em Moçambique, a Frelimo prepara-se para uma das mais difíceis eleições que já enfrentou depois do seu governo ter cedido a quase todas as exigências da Renamo – principal partido da oposição – para a assinatura dos acordos de paz, da última sexta-feira.

O partido que governa Moçambique desde a independência, em 1975, foi severamente fustigado nas eleições autáquicas de 2013 – às quais a Renamo não concorreu – com o pequeno partido da oposição MDM a conquistar três das quatro principais cidades moçambicanas e a perder Maputo, a capital, por uma escassa margem.

Filipe Nyusi é o candidato da Frelimo a estas eleições e, se for eleito, torna-se no primeiro Presidente de Moçambique que não participou na luta armada contra o poder colonial português. Na mesma condição está Daviz Simango, o jovem presidente do MDM e da autarquia da Beira, a segunda cidade do país. Ambos enfrentam o histórico Afonso Dhlakama, presidente da Renamo desde 1979 e candidato derrotado nas anteriores três eleições presidenciais.

 

ESCÓCIA ESTÁ PRESTES A MUDAR DE VIDA

No coração da Europa, a Escócia ensaia o caminho da independência pela via do referendo, o qual, segundo as últimas sondagens, poderá garantir a vitória aos que querem cortar as ligações com o Reino Unido.

Com uma relação muito especial e histórica com a China, incluindo Hong Kong e Macau, cujos modelos de autonomia têm servido como tabela de comparação, os escoceses vão decidir o seu futuro no meio de alguma imprevisibilidade.

Se ganhar o ‘Sim’ à independência, será o país imediatamente aceite na União Europeia? Que moeda adotará? E qual o modelo de imigração que vai seguir? – estas algumas das questões do momento.

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