UNIVERSO HIPERVIGIADO

por Arsenio Reis

 

As câmaras estão lá, 24 horas por dia, sete dias por semana. Os casinos de Macau são universos hipervigiados e têm provavelmente uma das maiores concentrações de videovigilância do mundo.

“Às vezes precisamos de pedir auxílio às câmaras para tirar dúvidas de jogo”, explica Daniel Matos, jogador de poker em Macau. O brasileiro, 32 anos, oriundo da Baía, joga há dois nos casinos do território. As câmaras fazem parte do dia a dia. Existem, mas não incomodam. “Penso nas câmaras como garantia de segurança. Levo muito dinheiro para o casino, deixo na mochila e não me preocupo se roubam porque sei que há vídeovigilância”.

Entre janeiro e julho deste ano ocorreram 927 crimes dentro dos casinos de Macau. Em 2013, os crimes de roubo, fraude e agiotagem totalizaram 1.399, segundo informações enviadas pela Polícia Judiciária ao Plataforma Macau.

“Macau tem os maiores casinos do mundo. Em média, um casino deverá ter à volta de seis mil câmaras”, aponta Craig Graham, diretor geral da Dallmeier International para a Ásia. Esta fabricante de tecnologia de videovigilância, uma joint venture germano-australiana, entrou no território em 2003, quando o mercado “começou a florescer”.

“A utilização de câmaras é um requerimento legal, tem de haver gravação fora e dentro do casino por questões de segurança”, nota o australiano, realçando que vários casinos em Macau ainda utilizam conversores analógicos. “É um sistema consagrado, maduro e seguro. Há casinos mais velhos e proceder ao seu reequipamento não é um processo barato”.

Graham fala do início da relação do mercado do jogo com o mercado IP [Internet Protocol]: “Somos um dos primeiros fabricantes de câmaras CCTV que nunca teve uma matriz analógica, mas uma matriz IP”.

As câmaras IP têm capacidade para digitalizar as imagens e uma das vantagens prende-se com a sua elevada resolução durante a reprodução, gravação e retransmissão. “É um bom negócio e pode ser recompensado”, explica Graham. “Mas é um mercado duro e competitivo”, acrescenta Space Lee, especialista regional para os mercados de Macau e Hong Kong da Samsung Techwin, que fornece através de um distribuirdor equipamento de vídeovigilância. “Não é fácil desenvolver um sistema total e integrado para um casino. No nosso caso, vendemos as câmaras e trabalhamos em conjunto com outras empresas”.

A Dallmeier, que trabalha com seis casinos, incluindo o Sands China e a Melco Crown, admite novos projetos em Macau. “Todos desejam o Cotai”, nota o responsável, explicando que a empresa está a apostar em novas tecnologias. “A análise de vídeo é algo em que estamos a investir há muito tempo. É um sistema que permite reduzir o tempo a identificar potenciais problemas”.

 

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