ÉBOLA, DE ÁFRICA PARA O MUNDO

por Arsenio Reis

 

O Ébola, inicialmente circunscrito a quatro países da África ocidental, tornou-se numa ameaça a nível mundial. Nos países lusófonos tomam-se medidas contra e epidemia. Desde março, a epidemia, que transmite-se por contacto direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados, já matou quase mil pessoas e infetou mais de 1.700 e esta semana. Face a esta situação,  a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência internacional por surto do ébola.

 

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Moçambique prepara medidas

As autoridades moçambicanas adoptaram medidas preventivas contra o surgimento do vírus do ebola no país, que afecta alguns países na região dos Grandes Lagos, disse hoje o diretor-adjunto da Saúde de Moçambique, Avertino Barreto.

Moçambique é o país africano de língua oficial portiguesa mais afastado do epicentro da crise – em quatro países da África ocidental.

Barreto pormenorizou que as medidas de prevenção incluem a monitorização de todo o quadro clínico compatível com a doença, sobretudo nas zonas ao longo das fronteiras com os países vizinhos, por onde têm entrado refugiados provenientes da região dos Grandes Lagos.

As acções surgem na sequência do pedido que as autoridades sanitárias moçambicanas fizeram à Organização Mundial de Saúde (OMS) para enviar especialistas para assistir o país, na adopção de medidas de vigilância, devido ao surto de ebola que afecta alguns Estados da região, como o Uganda.

«Já tivemos a informação do que podemos fazer a nível de Moçambique», disse Barreto, acrescentando que apesar de ser remota a possibilidade do país ser afectado pelo surto, as autoridades pretendem adiantar medidas de prevenção.

«Neste momento não há razões de pânico. Estamos preparados para reagir» em caso de surgimento da doença no país, disse Barreto.

O dirigente acrescentou que depois da estabilização da situação nos países afectados pelo vírus do ebola, uma equipa de especialistas da OMS poderá deslocar-se a Moçambique para avaliar a adopção de medidas adicionais para evitar este tipo de surtos.

 

Guiné Bissau na linha da frente

O país “não pode estar descansado”.  A expressão é do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, perante o eclodir do vírus do Ébola nos países vizinhos. E o facto da epidemia ainda não ter chegado à Guiné-Bissau, “ não pode significar que se deve descurar”

“É óbvio que quando os países ao nosso redor como a Guiné-Conacri, Serra Leoa e outros, já têm níveis de presença desses flagelos, a Guiné-Bissau não pode estar descansada (pensando) que não corre riscos”, notou o primeiro-ministro guineense.

A doença ainda não chegou à Guiné-Bissau mas Domingos Simões Pereira quer toda sociedade mobilizada e a comunicação social a ajudar na sensibilização da população.

“A preocupação vai no sentido de elevar o alerta, a mobilização de todos”, frisou. mas não adiantou como vai arranjar os 600 mil euros necessários para executar um Plano de Contingência contra o vírus do Ébola. “Isso não será problema. A Guiné-Bissau vai estar em condições de aprovisionar esse valor”, defendeu Domingos Simões Pereira que disse que já está em contacto com os parceiros do país para a mobilização daquela quantia. Segundo o diretor-geral da Prevenção e Promoção da Saúde Pública, Nicolau Almeida, o país necessita de 60 mil euros para financiar a execução de um plano de contingência, elaborado pelo Ministério da Saúde Pública em colaboração com instituições das Nações Unidas, nomeadamente a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), bem como os serviços de proteção civil guineense.

Portugal anunciou uma oferta de 15 toneladas de medicamentos de prevenção do Ébola e outras epidemias, mas esse carregamento ainda não chegou à Guiné-Bissau. Domingos Simões Pereira, que fez o anúncio da oferta há dias, justificou o atraso com questões ligadas ao transporte.

“Temos estado em contactado com os nossos parceiros portugueses, que nos têm dito que é um problema de transporte e quero acreditar que nos próximos dias teremos indicações sobre a chegada desses medicamentos”, concluiu.

 

Fase de pré-epidemia em São Tomé

As autoridades sanitárias de São Tomé e Príncipe consideram a situação no país como uma “fase de pré-epidemia” do Ébola, tendo em conta o aumento de casos na Nigéria, um país próximo de São Tomé e Príncipe.

O diretor dos Cuidados de Saúde, Pascoal de Apresentação, disse que as autoridades de São Tomé e Príncipe “estão a trabalhar em velocidade cruzeiro” para “um programa de contenção”, que será discutido e aprovado na próxima semana.

De acordo com Pascoal de Apresentação, os custos do plano não estão ainda orçamentados mas o país espera receber, na próxima semana, pelo menos 300 kits de materiais e equipamentos fornecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para distribuir para os médicos e enfermeiros que vão trabalhar no terreno.

“Estamos na iminência de uma epidemia do vírus do Ébola, o país declarou-se como estando na fase de pré-epidemia. Para poder fazer face uma epidemia é necessário um plano, com uma série de ações que vão ser executadas por fases”, disse Pascoal de Apresentação.

“No plano constarão diferentes ações que nós devemos levar a cabo a nível nacional, de forma descentralizada, multidisciplinar” e “toda a gente será chamada a colaborar no sentido de prevenir a epidemia”, acrescentou.

No entanto, o Ministério da Saúde admitiu que o país terá dificuldades para fazer face a uma epidemia do Ébola. Por isso, a partir do dia 18 deste mês estão previstas a chegada de dois consultores da OMS especializado nesta área para assessorar o país na execução plano de contingência.

Considerando a incapacidade financeira do país para instalar um laboratório especializado nessa matéria, OMS recomendou um laboratório em Libreville para exames laboratoriais.

“O vírus de Ébola tem uma capacidade de contaminação muito elevada. Para o nosso país que é pequeno, será uma catástrofe se isso acontecer. Por isso nós já recorremos aos nossos parceiros internos e externos, nomeadamente a OMS, Fundo Global, FNUAP (Fundo das Nações Unidades para Atividades da População) para ajudar-nos a encontrar meios”, explicou o médico.

 

Angola em alerta máximo contra ébola 

O representante da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Angola garantiu esta semana que as autoridades angolanas estão “em alerta máximo” para travar a epidemia de Ébola, que atinge alguns países da África Ocidental desde março.

Em declarações à rádio oficial angolana, Hernando Agudelo disse que em Angola e nos países vizinhos não foi registado nenhum caso de Ébola.

“O país mais perto com casos de Ébola reportados até hoje é a Nigéria. E fica a milhares de quilómetros de distância de Angola”, disse aquele responsável. Segundo o representante da OMS, Angola está a cumprir com as recomendações dadas e uma delas é a triagem de pessoas que chegam ao aeroporto, especialmente de países afetados.

“Pessoas com febre, o que é que tem que ser feito, como identificar que essas pessoas não são portadoras do vírus, que vêm já doentes. Há algumas atividades que têm que ser feitas, por exemplo a logística, em matéria de proteção, luvas, óculos, máscaras, roupas completas de proteção para manuseamento de casos de Ébola”, referiu.

As autoridades sanitárias angolanas anunciaram na semana passada o reforço das medidas de segurança nas zonas fronteiriças, para maior controlo da situação, com a capacitação de equipas técnicas e provimento de logística, com destaque para as regiões fronteiriças.

A OMS declarou sexta-feira que a situação é uma “emergência internacional de saúde pública”, face à proporção tomada pela doença que já matou mais de 960 pessoas e infetou mais de 1.700 outras.

O vírus do Ébola transmite-se por contacto direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infetados.

 

Macau controla cidadãos

A Região Administrativa Especial de Macau estendeu esta semana aos nigerianos o controlo sanitário do vírus ébola, dada  a “gravidade da epidemia”, segundo um comunicado dos Serviços de Saúde.

A Nigéria junta-se assim à Guiné Conacri, Libéria e Serra Leoa, países já contemplados pelo controlo sanitário, e os mais afetados pela epidemia. Assim sendo, os visitantes com passaporte nigeriano que queiram entrar em Macau serão alvo de uma consulta e avaliação do estado de saúde.

Segundo dados apresentados pelos SS, entre sexta e sábado entraram em Macau quatro indivíduos provenientes da Guiné, da Libéria, de Serra Leoa e da Nigéria, mas nenhum deles apresentava sinais do vírus.

 

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