MOÇAMBIQUE VAI ABRIR CONSULADO PARA PROMOVER COOPERAÇÃO ECONÓMICA

por Arsenio Reis

 

O primeiro consulado-geral de Moçambique em Macau vai abrir até ao final de setembro para fomentar a cooperação económica bilateral e servir de plataforma à atração de investimento local para aquele país africano.

 

Moçambique vai abrir este ano, pela primeira vez, um consulado-geral na Região Administrativa Especial de Macau para tirar partido do papel de plataforma entre a China e os países de língua portuguesa que o território desempenha, tendo em vista o incremento da cooperação económica, disse ao Plataforma Macau o novo cônsul-geral daquele país africano, Rafael Custódio Marques.

“Este é o primeiro consulado-geral que a República de Moçambique decidiu estabelecer aqui na Região Administrativa Especial de Macau”, afirmou o diplomata, salientando que, até agora, o país africano de língua oficial portuguesa tinha no território um consulado honorário.

Rafael Custódio Marques apontou que esta decisão do Governo moçambicano tem como objetivo “incrementar as relações de cooperação, particularmente na área das trocas comerciais, do investimento, na área cultural e educativa”.

A comunidade moçambicana residente em Macau “não é muito grande”, apontou. “Temos uma comunidade pequena de estudantes e algumas famílias moçambicanas, que deverão ascender, no total, a cerca de 30 pessoas”, disse, referindo que, mais do que prestar assistência aos cidadãos moçambicanos, o novo consulado estará focado nas relações económicas bilaterais.

“Muitas vezes vemos um consulado na perspetiva só da assistência à comunidade, neste caso moçambicana, mas ele é muito mais do que isso, não serve só para a emissão de vistos, mas para a atração de investimento e exposição do país, por forma a que macaenses que queiram investir em Moçambique tenham onde ir para se informar e procurar parcerias”, sustentou o novo cônsul-geral.

Ao realçar que Macau “está muito desenvolvida em relação ao turismo”, o diplomata sublinhou que “Moçambique gostaria de tirar maior proveito na área do turismo”, recordando a existência de um protocolo assinado entre o Ministério do Turismo moçambicano e a Direção dos Serviços de Turismo de Macau, nomeadamente no âmbito da formação. “Há operadores moçambicanos que vêm aqui fazer estágios na área dos casinos, em várias componentes, portanto, esta é uma das áreas em que poderemos apostar”, acrescentou.

Além do turismo, Moçambique está interessado em promover a cooperação com Macau em outros setores, de acordo com Rafael Custódio Marques, que salientou, por exemplo, o imobiliário, área em que uma empresa macaense já está a investir naquele país africano. “Penso que seria de estimular também esta área e muitas outras que vão surgindo”, declarou.

 

CONTROLO DE VISTOS

O novo cônsul-geral de Moçambique em Macau recusa a existência de restrições à concessão de vistos para a entrada no país, explicando que “simplesmente o que Moçambique fez foi controlar um bocadinho a atribuição de vistos de fronteira”. “Mas Moçambique está aberto, desde que se preencham aquelas condições, não há nenhuma restrição para a atribuição de vistos”, garantiu, considerando que a abertura do consulado-geral no território “vai facilitar” esta situação, pois, “para além de Pequim, as pessoas poderão passar a adquirir vistos a partir de Macau”.

Por outro lado, Rafael Custódio Marques salientou o facto de “Macau ser a plataforma de cooperação económica entre a China e os países de língua portuguesa”, referindo que o Governo moçambicano acredita que o estabelecimento de um consulado no território irá também “facilitar a interação com o Fórum Macau, não obstante o facto de o país ter um delegado” na organização. “Mas pensamos que o consulado vai melhorar a fluidez em termos de informação e de captação de investimentos para Moçambique”.

A razão pela qual Moçambique decidiu só agora abrir um consulado-geral em Macau tem “extamente a ver com a importância e o volume de ações entre o país e o território”, apontou.

O novo cônsul-geral indicou ainda pretender trabalhar de perto com a Associação dos Amigos de Moçambique “no sentido do incremento desta ligação Macau-Moçambique”.

A delegação de Moçambique que chegou esta semana a Macau e que é chefiada pelo novo cônsul-geral já teve encontros com o Fórum Macau e com o Governo local.

“Estamos nesta fase num processo de instalação, mas tão breve quanto possível vamos abrir as portas. Vai depender do tempo em termos de aspetos logísticos, da montagem do escritório, mas pensamos abrir o consulado até finais de setembro”, disse o diplomata, que já não regressa a Moçambique e que veio para Macau com um mandato de quatro anos.

Moçambique vai arrendar um escritório para instalar o consulado-geral, que contará com três quadros vindos do pais africanos e outro pessoal que será recrutado localmente.

A nova representação diplomática terá como área de jurisdição apenas Macau, já que Moçambique manterá o seu consulado honorário em Hong Kong, segundo Rafael Custódio Marques.

No primeiro semestre do ano, Moçambique foi o quarto principal parceiro comercial da China entre os países de língua portuguesa, tendo o comércio bilateral atingido os 848 milhões de dólares. As vendas da China ao país africano ascenderam a 620 milhões de dólares e as suas compras a 228 milhões de dólares entre janeiro e junho.

 

Patrícia Neves

 

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