O NOVO ROSTO DA EMIGRAÇÃO CHINESA

por Arsenio Reis

 

Austrália e Nova Zelândia substituem os EUA como destino preferencial. Maior valor dado à qualidade de vida, e não “apenas” a enriquecer; e mais mulheres a partirem sozinhas, com os filhos, enquanto os maridos ficam na China a ganhar dinheiro.

 

O padrão da emigração chinesa está a mudar, à medida que também se reiniciou a febre de “ir para fora”, depois de um período marcado pelo regresso à pátria de milhares de chineses que viviam no exterior. Segundo um estudo conjunto da ForbesLife e Wailian Overseas Consulting Group, cada vez mais o grupo dos chineses ricos e de classe média parece disposto a partir para o estrangeiro, continuando a  fazer do país o maior exportador mundial de emigrantes.

“Ao contrário do que acontecia nas últimas décadas, muitos dos novos emigrantes estão a privilegiar nas escolhas o bom ambiente natural, melhor educação e mais garantidos benefícios sociais. No passado, muitos partiam apenas em busca de ganhar dinheiro”, caracterizou Lucia Liu, uma consultora de emigração de Xangai, citada pelo Shanghai Daily.

A primeira vaga contemporânea de emigração chinesa ocorreu com a política de reformas e de abertura económica no país, nos anos 1980, mas muitos partiam sem dinheiro e mesmo os estudantes eram obrigados a terem um emprego para se sustentarem no exterior. Hoje, o primeiro passo de muitos emigrantes é o de comprarem um casa no novo país onde vivem.

O diário de Xangai relatou o exemplo de Bruce Zhou, um advogado de cerca de 40 anos, que mudou-se recentemente para a Austrália, depois de ter considerado a hipótese de residir em Espanha ou em Chipre. No novo país comprou uma casa de 748 mil dólares. “Quando se inicia o processo de emigração, devemos tratá-lo como um grande projeto”, disse Zhou. “Fiz muita pesquisa sobre o país e escolhi a Austrália pelo seu ambiente natural, políticas económicas e estilo de vida”, acrescentou.

O advogado disse ter emigrado “a pensar nos filhos”, um dos motivos mais citados pelos novos emigrantes chineses.

“Repare na péssima qualidade do ar de Xangai. Eu quero muito que o meu filho tenha atividades fora de casa”, disse Hilary Shi, 42, mãe de um rapaz de nove anos, a caminho do Canadá.

Segundo um estudo realizado em 2009 pelo American China Press, geralmente um chinês levava dois anos a integrar-se na sociedade e na cultura americanas, nos anos 1990. Agora, bastam-lhe apenas seis meses.

Mas nem tudo são rosas. As maiores queixas relacionam-se com o “vazio espiritual” e o sentimento de perda.

E o enriquecimento da economia chinesa criou um novo padrão: o das mulheres que emigram com os filhos, em busca de melhor ambiente e de educação com maior qualidade, enquanto os maridos permanecem na China, a ganharem dinheiro.

 

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