Catarina Domingues – JUNTOS POLUÍMOS MAIS

por Arsenio Reis

 

Vamos voltar à história dos táxis. É um dia daqueles, são seis e tal da tarde, estão vinte e muitos graus, mais de 80 por cento de humidade e eu não tenho como sair da Rua de Malaca, ali ao pé do Edifício Internacional. Os táxis não param porque diz-se que estão a mudar de turno (e que tal mudar de turnos a horas diferentes?), e os autocarros também não param, porque estão a abarrotar. Não me deixam entrar pela porta de trás, tento, mas não consigo. Antes em Macau era assim: – senhor condutor, vou sair, quero descer aqui. E o senhor condutor abria a porta. Na altura não havia campainhas.

Mas não me quero perder em memórias, como me estou a perder no caminho para o trabalho. Hoje, num dia daqueles, continuo perdida na Rua de Malaca, onde vivi, aliás, mais de três anos.

Já agora, mais uma memória: aqui não paravam carros, nem turistas, eram tempos em que fazíamos a cidade em patins. Daqui até ao templo de A-Má.

Hoje está calor e eu não consigo sair daqui. Telefono à família para me vir buscar, porque tenho de voltar para o trabalho já. São seis e tal da tarde, e eu tenho de voltar para a frente do computador. Todos saem, eu volto a entrar. Macau não está preparada para que todos saiam à mesma hora do trabalho. Por que saem todos à mesma hora? São mais pessoas, há mais engarrafamento, mais buzinas. E, diga-se, não é uma política nada verde. A criação de diferentes turnos de trabalho pode dar uma mãozinha ao ambiente, disse-me uma vez um especialista em Pequim.

Um autocarro da Transmac passa com um banner gigante, e com uma piscina tons verdes, tons tailandeses, e eu já ouço a música de fundo, e as ondas que acabam à beira-mar. Mas o meu caminho é outro, de boleia, para o norte da cidade.

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