ANGOLA CANDIDATA MBANZA CONGO A PATRIMÓNIO MUNDIAL

por Arsenio Reis

 

Luanda quer que o centro histórico da antiga capital do Congo seja considerado Património Mundial da Humanidade 

 

A candidatura a património mundial da UNESCO do centro histórico de Mbanza Congo, no norte de Angola, vai dar entrada naquele organismo até janeiro de 2015, anunciou o secretário de Estado da Cultura angolano, Cornélio Caley.

“Temos desafios sérios a ultrapassar, porque temos um curto espaço de tempo para apresentar o nosso dossiê, mas estamos a trabalhar para esta data oficialmente indicada”, afirmou o secretário de Estado da Cultura, numa declaração colhida pela agência angolana de notícias, Angop.

Em entrevista à mesma agência Angolana de notícias, a arqueóloga Sónia da Silva Domingos, coordenadora do projecto “Mbanza Congo, Cidade a Desenterrar para Preservar”, avançou que 82 por cento das actividades previstas já se encontram concluídas.  Parte dos bens identificados integram a antiga capital do reino do Congo entre os quais destacam-se o Palácio Real (atual museu dos Reis do Congo), a árvore sagrada denominada Yala Nkuwu, o Lumbu (Tribunal Consuetudinário), as missões católica e evangélica, o Kulumbimbi (antiga Sé Catedral), o cemitério dos Reis do Congo e o Túmulo da Dona Mpolo (mãe de um dos reis enterrada viva por desobediência às ordens da corte).

Intervindo num debate telefónico promovido pela Rádio Zaire, Sónia Domingos enumerou como ações em curso a pesquisa sobre o património imaterial, o levantamento arquitetónico dos edifícios mais emblemáticos e históricos da cidade, seu estudo e inventariação para posterior classificação.

As escavações arqueológicas em curso, que estão já na sua terceira fase, foram destacadas pela responsável, assim como o estudo documental que foi feito em vários países do mundo, como França, Bélgica, Alemanha, Portugal e no Vaticano, que detêm vários documentos inéditos sobre o reino do Congo.

 

CENTRO DE PESQUISA E INTERPRETAÇÃO

Caso venha a ser classificada património mundial, a cidade de Mbanza Congo contará com um centro de pesquisa e interpretação sobre o Reino do Congo, formado no século XIII.

O Reino do Congo, dividido em seis províncias que ocupavam parte das atuais República Democrática do Congo, República do Congo, Angola e Gabão, dispunha de 12 igrejas, conventos, escolas, palácios e residências, cuja identificação se prevê seja feita através do sistema de radar. Mbanza Congo foi no século XVII a maior vila da costa ocidental da África Central, com uma densidade populacional de 40 mil habitantes autóctones e quatro mil europeus. As ruínas de Mbanza Congo integram a lista de 11 sítios indicados por Angola a património mundial da UNESCO, entre as quais se destacam igualmente as pinturas rupestres no morro granítico de Tchitundu-Hulo, na província do Namibe, no sul do país, e o corredor do rio Kwanza.

De acordo com a arqueóloga, os arquivos documentários são de grande valor porque servirão também de argumentação do dossiê de candidatura a ser apresentado à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que confirmará o valor extraordinário de Mbanza-Congo.

Sónia da Silva Domingos falou ainda das pesquisas sobre a tradição oral local que, segundo disse, permitiu a delimitação do centro histórico de Mbanza-Congo, através das conhecidas 12 fontes de água que circundam esta localidade e que estão ligadas ao momento da fundação do Reino do Congo.

“ Todos os elementos que serviram para a fundação do Reino do Congo, que inclui a localização estratégica de Mbanza-Congo, os cursos de água, entre outros, servirão também para a elaboração da declaração a ser entregue à UNESCO “, frisou.

Fundamentou que, ao fazer a declaração do valor excepcional e universal de Mbanza-Congo, a equipa científica pretende provar que todos os elementos que estiveram na base da fundação do Reino do Congo ainda estão patentes e bem visíveis nesta localidade.

O Projeto “Mbanza-Congo, Cidade a Desenterrar para Preservar” foi lançado em 2007 em Mbanza-Congo pelo Ministério da Cultura, com a realização de uma mesa redonda internacional que abordou a mesma temática.

 

OBRAS NO KULUMBIMBI

No passado mês de junho, a diretora do Instituto Nacional do Património Cultural, Maria da Piedade, assegurou em Mbanza Congo, que as ruínas da antiga Sé Catedral (Kulumbimbi) vão começar a ser restauradas nos próximos dias, para evitar a contínua degradação do edifício.

Para o efeito, Maria da Piedade anunciou a chegada a Mbanza Congo de um grupo de especialistas que se encarregar do tratamento da primeira Sé Catedral Católica construída ao sul do Sahara, em 1491.

Segundo diretrizes da própria UNESCO não se pode utilizar qualquer tipo de material. Portanto, é preciso solidificar para conservação, mas é preciso que os peritos digam como fazer este tipo de operação.

Maria da Piedade integrou a delegação do secretário do estado da Cultura, Cornélio Caley, que esteve durante uma semana em visita a Mbanza Congo para acompanhar e constatar as escavações arqueológicas em curso nesta cidade.

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