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VINHO DO PORTO ENTRA EM XANGAI

 

Macau não esgota a ponte do comérico entre a China e Portugal mas é preciso que os dois governos estimulem novas plataformas.

 

“Logo após a reunificação, tornou-se evidente a contínua diminuição da influência portuguesa em Macau. Contudo, nos últimos anos o Governo Central tem feito com que a Região assuma o papel de plataforma entre a China e os Países de Língua Portuguesa, nomeadamente com a criação do Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa. Desse modo, e sobretudo na última década, não só se promoveram como essas relações foram fortalecidas, com Macau a aproximar contactos com os países lusófonos”, conclui o presidente da Câmara de Comércio Gastronómica e Vinícola dos Países Lusófonos de Macau, Sunny S.M. Ip, com um discurso que vai conquistando os empresários portugueses que querem exportar e os chineses que o visitam em Xangai, junto dos quais vai também difundindo o novo potencial que se abre ao comércio com os países lusófonos, a partir de Macau.

Como o homem de negócios, Sunny Ip, mostra o seu lado prático no que toca às oportunidades que se abrem na relação de Macau com a Lusofonia. Abriu há mais de uma década uma empresa em Portugal e, mais recentemente, envolveu-se na criação do Centro de Exposições de Vinhos e Gastronomia de Macau e dos Países Lusófonos, em Xanghai, ao mesmo tempo que criou uma empresa que explora um armazém para produtos lusófonos na Zona de Comércio Livre de Xanghai (FTA). O conceito base é o de criar um regime livre de impostos para que as pequenas e médias empresas dos países lusófonos possam entrar no mercado chinês e consigam dar continuidade aos seus serviços.

Sunny Ip mostra-se bastante otimista em relação a uma das suas grandes apostas, que é a da conquista de quotas de mercado para o Vinho do Porto. Primeiro, porque é o único que associa o seu nome a uma marca mundialmente reconhecida, ainda por cima associada a uma cidade e a uma região demarcada. Pode dizer-se que é “um tesouro para Portugal”, resume o empresário de Macau. Mas a sua aposta não se resume ao Vinho do Porto. Também o vinho tinto, diz, tem mercado na China, pois começa gradualmente a substituir a aguardente chinesa (o baijiu) nos banquetes oficiais e em jantares de negócios.

O seu plano para a introdução dos vinhos portugueses na China contempla todos os tipos de vinhos, desde os mais prestigiados aos menos conhecidos, de modo a que possam ser acessíveis a todas as carteiras.

 

FATOR CAVACO

 

A visita a Macau do Presidente da República de Portugal, no último mês de Maio, suscitou a oportunidade do contacto com Sunny Ip, uma vez que a presença de Cavaco Silva acabou não só por sublinhar o contexto atual das relações comerciais entre Portugal e China, como também abriu espaço ao debate sobre o papel de Macau como plataforma dessas relações. Nesse contexto, Sunny Ip destaca duas “boas notícias”: o estabelecimento do Centro Gastronómico e Vinícola em Xangai, plano que levou mais de dois anos a ser concretizado. Trata-se de um centro de exposições com 3.500 metros quadrados, que inclui espaços para escritórios e armazéns onde podem ser apresentados produtos e prestados serviços virados para o comércio.

É uma plataforma comercial que serve para encontrar compradores e distribuidores, bem como para resolver burocracias e formalidades na importação de produtos.

No plano pessoal, o empresário de Macau congratula-se com o facto de ter criado esta nova empresa e com o espaço a partir do qual os seus produtos entram no mercado chinês, a partir de Xangai, livres de impostos.

Io Weng Tang

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por que razão Xangai e não qualquer outra cidade na China?  Sunny Ip explica que a China continental se encontra dividida em três plataformas de comércio: sul, centro e norte. Na zona este, Hong Kong e Taiwan contam com empresários bastante experientes, mas em Macau o ambiente de negócios não é tão forte. Por isso, Sunny Ip pretende expandir o seu negócio a partir de Xangai, sem contudo menosprezar o papel de Macau como a ponte para o comércio sino-lusófono. “Tem importância, porque embora as grandes empresas possam lidar umas com as outras, diretamente, a grande maioria das pequenas e médias empresas enfrentam mais dificuldades. Por isso é preciso expandir para outras plataformas, para outros centros de suporte, a fim de que consigam fazer negócio”, diz Sunny Ip, concluindo: “Esta é a nossa oportunidade.”

A partir do momento em que começou a promover o Fórum Macau, a mentalidade empresarial portuguesa começa lentamente a mudar, explica o empresário. Recentemente, muitas empresas portuguesas começam a enviar representantes a Macau, mas também a outras cidades chinesas – Cantão, por exemplo – procurando novas oportunidades comerciais.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Mostrando-se cada vez mais otimista, Sunny Ip deixa contudo uma mensagem ao Governo de Macau, de quem espera apoios para a manutenção do centro de promoção dos vinhos e da gastronomia. Por outro lado, espera também que o Ministério português do Comércio aposte mais na internacionalização dos vinhos portugueses: “Sem o apoio dos governos é difícil os empresários construírem plataformas para a concretização desses negócios”, conclui.

Io Weng Tang

 

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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